Poluidores, unidos, ajudam a enterrar a COP do Azerbaijão

Brasil se destaca pela ausência alheia

Pobreza.O estande dos EUA é um dos mais simples da COP29.Créditos: Luiz Carlos Azenha
Escrito en MEIO AMBIENTE E SUSTENTABILIDADE el

De Baku, Azerbaijão -- O chanceler alemão Olaf Scholz, com o seu governo à beira do colapso, ligou para o presidente do Azerbaijão, Ilham Aliyev, para se desculpar pela ausência na COP29, depois de ter o nome confirmado como um dos participantes da abertura do evento.

O presidente da França, Emmanuel Macron, também não veio. Paris apóia a Armênia em sua disputa territorial contra o Azerbaijão, que teve um lance dramático em 2023, com vitória militar de Baku.

Pelo mesmo motivo, a delegação da Índia não será encabeçada pelo primeiro ministro Narendra Modi.

A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, alegando transição institucional, também não estará presente.

Da mesma forma, os maiores poluidores do planeta, Estados Unidos e China, mandaram delegações de baixo escalão.

O primeiro-ministro britânico Keir Starmer será um dos poucos representantes dos países ricos, dos quais os países em desenvolvimento esperam um compromisso de U$ 1 trilhão para enfrentar a emergência climática -- como se vê agora nas enchentes históricas na Espanha.

O desencanto é tamanho que os representantes da Papua Nova Guiné, ilhas do Pacífico com 12 milhões de habitantes, simplesmente desistiram de participar.

Em 2021, mais de 50 mil pessoas ficaram desabrigadas nas ilhas por conta do aumento das marés.

Modelos climáticos projetam um aumento de 5 a 15 centímetros no nível do mar em torno das ilhas até 2030.

O vice-presidente brasileiro Geraldo Alckmin discursa nesta quarta-feira, já antevendo a COP30 em Belém do Pará.

A sombra de Trump

Em agosto de 2024, antes mesmo da eleição de Donald Trump, os Estados Unidos bateram recorde na produção de petróleo e gás.

Por conta da guerra na Ucrânia, os EUA se tornaram os maiores exportadores de gás em 2023, com 89,1 bilhões de metros cúbicos por gasoduto e 114,4 bilhões de metros cúbicos de GLP, adiante da Rússia, Catar e Noruega.

Mesmo no governo Biden, o dinheiro falou mais alto.

Prometendo "furar, baby, furar", Donald Trump é negacionista da emergência climática e prometeu a seus eleitores reduzir em 50% a conta de energia em um ano.

É possível que os EUA abandonem de novo o Acordo de Paris e se retirem da Convenção Quadro das Nações Unidas, agora que Trump tem maioria folgada no Senado.

Os EUA montaram um estande de país pobre na COP29, enquanto Catar, Rússia e Emirados Árabes Unidos investiram pesado no que prometem ser "transição energética".

O fato de que grandes países produtores de petróleo influenciem as decisões de bastidores reforça a ideia de que o mundo não vai alcançar a meta de segurar a elevação da temperatura do planeta em 1,5 grau em relação ao período pré-industrial.

Em outras palavras, as previsões de enchentes massivas no Rio de Janeiro e do risco de sumiço de espécies de peixes como o salmão, o bacalhau e as lagostas podem se tornar realidade em um futuro não muito distante.

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