Rio "naufragado" e fim da lagosta assustam brasileiros em Baku

Estande que prevê catástrofe é um dos principais da COP29

Derretendo.O derretimento das geleiras pode sufocar o Rio de Janeiro, começando em 2070.Créditos: Reprodução
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De Baku, Azerbaijão -- A exposição domina a entrada do imenso salão onde as delegações de todo o planeta expõem suas propostas para combater a emergência climática -- e, porque não, também para fazer negócios.

Os representantes da sociedade civil brasileira, uma delegação reduzida este ano em relação ao Catar, em 2023, tomam um susto ao se aproximar da torre que expõe o estudo da Iniciativa Climática Internacional da Criosfera -- a camada do planeta coberta por água em estado sólido.

Não é necessariamente uma novidade para o mundo, uma vez que os dados são de um estudo do ano passado, com prefácio do presidente chileno Gabriel Boric e da primeira-ministra da Islândia, Katrín Jakobsdóttir.

Porém, as ilustrações sóbrias mas didáticas revelam um Rio de Janeiro "naufragado" em 2100, se forem mantidas as metas de hoje dos países que participam da COP -- que implicariam em um aumento da temperatura do planeta de 2,3 graus centígrados.

O estande parece estar em um ritmo de crise permanente, com palestras promovidas a quem tiver interesse no assunto.

De Búzios a Miami

Cerca de 60 cientistas da criosfera endossaram a pesquisa.

Os mapas sobre o Rio de Janeiro não constam do estudo divulgado no ano passado, mas aparecem com destaque na exposição em Baku.

No primeiro cenário, com elevação de um metro do nível do mar, a baía da Guanabara provocaria enchentes nas regiões de Magé, Duque de Caxias e São Gonçalo.

No segundo, com alta de 3 metros, o município do Rio de Janeiro seria fortemente afetado, além de áreas costeiras nos municípios de Itaguaí, Mangaratiba e Angra dos Reis.

Finalmente, no cenário mais catastrófico, com 10 metros de elevação do nível do mar, as enchentes chegariam a Saquarema, Arraial do Cabo, Cabo Frio e Armação de Búzios.

A mesma projeção catastrófica, aplicada à Flórida, cobriria de água Miami e Orlando.

Fim do salmão e da lagosta?

O estudo no qual se baseia a exposição diz que a alta de um metro no nível do mar é hoje inevitável, potencialmente prevista para 2070.

Os autores estão pessimistas. A não ser que sejam tomadas ações emergenciais contundentes, sustentam que a meta de manter a temperatura em no máximo 1,5 grau acima do período industrial, definida pelas Nações Unidas, não será atingida.

A alta maior ou menor do nível do mar, dizem eles, vai depender das ações da Humanidade.

Com o derretimento da camada do subsolo terrestre permanentemente congelada, a chamada permafrost, além da elevação do nível do mar alguns oceanos passarão -- mais ou menos -- por um destrutivo processo de acidificação:

Um aumento de 2 graus [na temperatura do planeta] o ano todo vai resultar em condições de acidificação corrosiva permanente em regiões extensas dos mares polares e próximos, com amplo impacto negativo para espécies marinhas. [...] Espécies valiosas como krill [importante na alimentação de outras espécies], bacalhau, salmão, lagosta e caranguejo real podem não sobreviver em estado selvagem ou se cultivadas em águas corrosivas. 

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