SAIA JUSTA

Marina compara petróleo a açúcar: faz mal comer demais

Geraldo Alckmin escapa de pergunta constrangedora

Coletiva.Marina livrou Alckmin de saia justa em BakuCréditos: Luiz Carlos Azenha
Escrito en MEIO AMBIENTE E SUSTENTABILIDADE el

De Baku, Azerbaijão -- A ministra do Meio Ambiente e da Sustentabilidade, Marina Silva, disse hoje que petróleo, como qualquer outro bem legado à Humanidade por Deus, tem de ser consumido com parcimônia. Comparou o produto ao açúcar: se comer demais, corre risco na diabetes.

Marina se adiantou a Geraldo Alckmin e tirou o colega de governo de uma saia justa: um repórter da Agência France Presse quis saber a opinião do vice-presidente sobre afirmação do presidente do Azerbaijão, Ilham Aliyev, que em seu discurso na COP29 disse que o petróleo e gás eram "dádivas divinas".

O repórter também queria saber quando o Brasil vai abandonar a exploração do petróleo.

Depois de se locupletar com o poder energético dos hidrocarbonetos, aquecendo o planeta, agora porta-vozes do Ocidente, inclusive ambientalistas, passaram a atacar países como o Azerbaijão, o Catar, a Rússia e os Emirados Árabes Unidos como se eles tivessem inventado a emergência climática.

As palavras-chave utilizadas pela mídia são "petroestado" e "autoritarismo", se esquecendo de que os Estados Unidos são de longe os maiores consumidores de petróleo e gás do mundo, atingiram seu pico de produção em agosto de 2024 e controlam empresas que estão multiplicando a exploração -- por exemplo, a Exxon e a Chevron na Guiana.

Efeito Trump

Com a eleição de Donald Trump e a guerra comercial que será acelerada contra a China, Washington conta com energia barata e tarifas para enfrentar Beijing.

Trump, negacionista do clima, diz que a emergência climática é uma "fraude" para beneficiar os chineses.

A Petrobras tem planos para expandir a produção na chamada margem equatorial, inclusive na foz do rio Amazonas e nas águas profundas do Amapá.

A estimativa é de reservas tão grandes quanto as que foram encontradas na Guiana.

Contrária à ideia, a ministra Marina navega em mares instáveis dentro do governo, em busca de consensos numa coalizão de centro-direita.

Países produtores de petróleo assumiram um inédito "ativismo verde" nos últimos tempos, com as COPs mais recentes realizadas nos Emirados Árabes Unidos e no Azerbaijão.

Em 2023, integrantes da OPEP concordaram em fazer "transição" para fontes alternativas, mas sem definir data.

Só o Irã, o Iêmen e a Líbia não ratificaram o Acordo de Paris.

O presidente do Azerbaijão foi irônico em seu discurso na COP. Disse que seu país vai aumentar a produção de gás até 2033 para servir aos interesses da União Europeia.

"Não foi nossa ideia", zombou.