A maior ilha artificial do planeta não está no Oriente Médio nem na Ásia, mas na Europa. A Flevopolder, nos Países Baixos, é uma área totalmente criada pelo homem, com 970 km², situada no coração do país e cercada por lagos e diques, resultado de uma das maiores obras de engenharia hidráulica do século XX.
A construção faz parte do conjunto conhecido como Zuiderzee Works, projeto nacional destinado a ampliar a área agrícola e proteger a população de enchentes. Após a construção do Afsluitdijk, em 1932, o antigo mar interior Zuiderzee foi transformado no lago de água doce IJsselmeer, abrindo espaço para a futura recuperação de terras.
O polder foi desenvolvido em duas etapas. O Flevopolder Oriental foi oficialmente drenado em 1957, seguido do Flevopolder Meridional, concluído em 1968. Diferentemente de outros polders holandeses, essa área foi propositalmente mantida isolada do continente, circundada pelos lagos Gooimeer, Veluwemeer e Ketelmeer, o que lhe confere o status de ilha. A separação também permitiu o controle independente do nível da água, evitando impactos em regiões vizinhas mais antigas.
O projeto deu origem, em 1986, a uma nova província: Flevoland, a 12ª dos Países Baixos e a mais jovem do país. Suas principais cidades são Lelystad, capital provincial, e Almere, que hoje figura entre os maiores centros urbanos holandeses. Juntos, os municípios da ilha abrigam mais de 400 mil habitantes.
Embora concebida inicialmente com foco agrícola, a região se diversificou. A ilha concentra áreas residenciais, polos industriais, infraestrutura portuária, turismo e importantes reservas naturais, como Oostvaardersplassen — um ecossistema úmido de renome internacional, criado por acaso quando o solo recém-drenado passou a atrair fauna silvestre.
O Flevopolder também se destaca por sua escala. Ele é 92 vezes maior do que Kansai, a segunda maior ilha artificial do mundo, construída para abrigar o aeroporto internacional de Osaka, no Japão. Em vez de elevar o terreno com bilhões de metros cúbicos de aterro, a técnica holandesa consistiu em cercar a área com diques e bombear a água, tornando o empreendimento economicamente viável.
Em área, ela é maior que a cidade de Paris (sem contar a região metropolitana) e que Belo Horizonte, que tem, respectivamente, 105 km² e 331 km².
O nome Flevopolder remete ao antigo lago Flevo, que ocupava a região na Antiguidade. Um novo megaprojeto — o Markerwaard, planejado para ampliar ainda mais as terras recuperadas — chegou a ser proposto, mas foi cancelado por razões econômicas e ambientais.