Um dos últimos primatas descobertos tem hábitos solitários e está em risco de extinção

Ela é considerada a mais rara do mundo em se tratando de orangotangos, e vive nas florestas tropicais de encostas e montanhas no interior da Indonésia; mas pode desaparecer

Orangotango de Tapanuli.Créditos: Wikipedia
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A mais recente espécie de símio reconhecida no mundo, descrita formalmente em 2017, é a de um orangotango que habita uma parte pequena da ilha indonésia de Sumatra, a sexta maior do mundo, no Oceano Índico.

O Tapanuli orangutan, que antes se acreditava parte da espécie de orangotango de Sumatra, o Pongo abelii, tem características genéticas e morfológicas diferentes que o permitem ser caracterizado como uma espécie à parte.

Hoje, existem menos de 800 indivíduos de Tapanuli orangutan em liberdade no mundo, todos eles concentrados em Batang Toru Landscape, uma região ao sul do Lago de Toba, na província de Sumatra do Norte, de acordo com a revista indiana Indian Defense Review.

Ela é considerada a mais rara do mundo em se tratando de orangotangos, e vive nas florestas tropicais de encostas e montanhas, a altitudes que variam de 300 a 1.300 metros, em uma região arborícola. Isso quer dizer que o orangotango da ilha passa a maior parte do tempo escalando as árvores, numa forma de vida um pouco diferente da dos outros primatas de maior porte, como são os chimpanzés e gorilas.

Orangotango de Tapanuli
Créditos: Wikipedia

A espécie tem hábitos mais isolados, e seus indivíduos tendem a viver sozinhos ou em grupos muito pequenos, que se dissolvem periodicamente.

Embora as fêmeas se reúnam com seus filhotes durante pequenos espaços de tempo, não formam estruturas hierárquicas ou organizações de grupo mais complexas, de acordo com os registros existentes.

É difícil até para os machos se encontrarem com suas fêmeas: eles percorrem, em geral, grandes distâncias, e assumem vidas quase inteiramente solitárias quando envelhecem.

O padrão solitário e territorial dos orangotangos mais raros do mundo facilita a perda de habitat e a fragmentação da espécie, que precisa de uma área mínima de floresta para sobreviver.

As florestas onde vivem, na ilha de Sumatra, têm sido convertidas em áreas para plantação e projetos de mineração e infraestrutura, como a instalação de uma hidrelétrica para abastecer os habitantes da ilha.

De acordo com o líder de pesquisas da organização dedicada à preservação dos orangotangos de Sumatra (Sumatran Orangutan Conservation Foundation), Rio Ardi, a perda de área florestal foi tão grande em 2025 que o habitat restante da espécie é de menos de mil hectares totais.

Foi uma redução de até 60% do território desde 2017, quando a espécie foi reconhecida pela primeira vez.

"Era de se imaginar que uma nova espécie de orangotango, dos primatas de grande porte, faria o mundo arregaçar as mangas para decidir salvá-la [da extinção]", comenta a diretora do instituto de conservação Mighty Earth, Amanda Hurowitz, em entrevista à Mongabay. "Mas, desde que a espécie foi descrita, pouca coisa mudou. Infelizmente, os orangotangos de Tapanuli enfrentam as mesmas ameaças que já enfrentavam em 2017". 

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