A construção de um novo data center da ByteDance, controladora do TikTok, em Caucaia (CE), tem provocado críticas de ambientalistas e comunidades indígenas da região metropolitana de Fortaleza. O empreendimento demandará até 300 megawatts de energia, volume suficiente para abastecer uma cidade de mais de 2 milhões de habitantes.
O projeto, conduzido pela empresa brasileira Casa dos Ventos, em parceria com a gigante chinesa, será instalado dentro do Complexo Portuário do Pecém. Apesar do porte, a obra foi enquadrada pelo governo cearense como de “utilidade pública”, o que dispensou a realização de Estudo e Relatório de Impacto Ambiental (EIA-RIMA) e a consulta prévia a povos indígenas que vivem no entorno.
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Entidades civis e lideranças locais contestam o processo de licenciamento e afirmam que o projeto prevê supressão de vegetação em área de preservação permanente no Lagamar do Cauípe, para a construção de uma ponte sobre o curso d’água. O Ministério Público Federal recebeu um dossiê com denúncias sobre o caso.
Segundo o documento, o governo estadual autorizou o desmate ao classificar o empreendimento como infraestrutura de telecomunicações, argumento que permitiu o avanço das obras. Para o Instituto de Defesa do Consumidor (IDEC), o enquadramento é irregular. “Um data center privado não é serviço público nem oferece conectividade. Essa justificativa distorce a legislação ambiental”, critica Luã Cruz, coordenador de telecomunicações e direitos digitais do instituto.
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Apesar das críticas, o governo do Ceará defende o investimento e ressalta que o estado é hoje um hub estratégico de cabos submarinos e energia limpa, com ampla oferta de fontes eólica e solar. A escolha de Caucaia também se deve à proximidade com linhas de fibra óptica internacionais.
Pioneirismo
Em Fortaleza, o ministro das Comunicações, Frederico de Siqueira Filho, afirmou recentemente que o Ceará será “pioneiro na expansão da infraestrutura digital brasileira” e anunciou a criação da Política Nacional de Data Centers.
O empreendimento se soma a uma tendência global de centros de processamento de dados de alto consumo. Só a Amazon, em 2021, utilizou 400 bilhões de litros de água para manter suas operações — o equivalente ao abastecimento anual de quase 1 milhão de residências nos Estados Unidos.
