Uma descoberta recente registrada no Mato Grosso do Sul, no bioma pantaneiro, trouxe boas notícias para a conservação da maior ave de rapina brasileira: a harpia (Harpia harpyja), também chamada de gavião real, que está em risco de extinção em diversos estados brasileiros.
Pesquisadores confirmaram, em julho deste ano, a presença de um ninho ativo de harpia na região do Maciço do Urucum, no município de Corumbá (MS). Um casal de harpias foi observado reformando o ninho, o que indica que podem estar na fase preparatória para o acasalamento.
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O registro raro dá esperança à espécie, que não era comumente encontrada no Pantanal. Ocorrências mais antigas, além disso, davam poucos sinais de reprodução da espécie ou permanência no local.
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Em 2011, um estudo publicado na Revista Brasileira de Ornitologia documentava a presença de harpias no Pantanal, mas não mostrava ninhos ativos ou permanência de longo prazo.
Agora, o registro de um ninho em atividade pode significar que o Pantanal abriga áreas com habitat adequado para a perpetuação da espécie.
A harpia, chamada de gavião-real, é uma das maiores aves das Américas: as fêmeas têm até 2,20 metros de envergadura e podem pesar até 9 kg.
Ela habita, em geral, regiões da Amazônia e da Mata Atlântica (com pouca probabilidade de aparecimento no Pantanal e no Cerrado), mas atividades de desmatamento e a fragmentação de seu habitat (além da caça ilegal) a colocaram sob risco de extinção em várias regiões brasileiras.
Créditos: Wikipedia
Após o registro, pesquisadores e instituições de conservação natural passaram a se preocupar com a permanência das harpias no Pantanal em vista da expansão das atividades da mineradora LHG Mining, que atua em Corumbá, na região pantaneira.
Uma audiência pública foi realizada na última quinta-feira (2) para tratar dos estudos de impacto ambiental da atividade ampliada de extração e beneficiamento de minerais na área próxima à descoberta por parte da LHG Mining. O relatório desenvolvido para a sessão, de acordo com a empresa, foi elaborado “com a expertise de 39 profissionais, entre cientistas e especialistas de diferentes áreas”.
Pesquisadores já autorizados pelo órgão estadual do meio ambiente (Imasul), além disso, acompanham as iniciativas de conservação do local.