Um cientista britânico associado ao Centro de Saúde e Desempenho Humano da University College London, na Inglaterra, fez um aviso enfático acerca do futuro do planeta na última terça-feira (8), durante um evento sediado no Rio de Janeiro.
Com a proximidade da Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP30), a ser realizada em Belém (PA) em 2025, o evento Forecasting Healthy Futures Global Summit foi escolhido para ocorrer no Brasil a fim de "dar abertura" aos diálogos acerca do futuro ambiental do mundo, e a perspectiva é assustadora.
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Foi o que disse Hugh Montgomery, um dos autores do relatório sobre saúde e clima do periódico The Lancet no ano passado. Ele enfatizou que a humanidade pode estar em face de uma das maiores extinções em massa já vistas, e uma das mais rápidas em execução — tudo porque está sendo causada diretamente por ações antrópicas.
A Terra já passou por algumas grandes extinções em massa: a primeira delas, ocorrida há 435 milhões de anos, durante o Ordoviciano, eliminou formas de vida invertebrada marinha.
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Em seguida, após o aparecimento dos primeiros insetos sem asa, de peixes Pteraspídeos e de anfíbios Ichthyostega, uma nova onda de extinção sobreveio à Terra durante o Devoniano (há 345 milhões de anos).
Há 250 milhões de anos, durante o Permiano-Triássico, um novo fenômeno de extinção, desta vez sobre um maior contingente de répteis já semelhantes aos mamíferos, foi responsável por extinguir até 96% da vida marinha e 70% da vida terrestre no planeta, causada por atividades de vulcanismo extremo e pela elevação das temperaturas globais que levaram à formação do supercontinente Pangeia.
Há 195 milhões de anos, o Triássico foi abalado por uma onda de extinção que eliminou espécies de dinossauros arcaicos; e, no Cretáceo, a extinção mais famosa, provavelmente causada pela queda de um asteroide na Terra, levou ao desaparecimento de grupos de dinossauros e répteis marinhos.
Agora, Montgomery acredita que uma nova extinção já esteja em curso, ocorrendo paulatinamente e tornando-se provavelmente "a maior e mais rápida que o planeta já viu".
De acordo com ele, a morte de espécies no planeta pode atingir níveis catastróficos caso a temperatura média da Terra aumente 3°C acima dos níveis pré-industriais.
"Se alcançarmos, mesmo que temporariamente, um aumento entre 1,7°C e 2,3°C, teremos um colapso abrupto nas camadas de gelo do Ártico", disse o pesquisador, como noticia a Agência Brasil.
Em 2024, o ano dos recordes climáticos, o aumento da temperatura média da Terra chegou a registrar 1,5 °C acima dos níveis pré-industriais pela primeira vez na história.
O ano também foi marcado pela saída dos EUA — os maiores emissores históricos de gases do efeito estufa (e os responsáveis por até 25% do dióxido de carbono liberado na atmosfera desde 1950), de acordo com dados do IPAM (Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia) — do Acordo de Paris, tratado internacional que institui metas para o controle das emissões globais de GEEs.
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A um aumento de 3°C na temperatura média global, além do derretimento dos lençóis de gelo do Ártico — o que levaria ao aumento no nível dos oceanos —, haveria mais ondas de seca capazes de provocar a destruição de habitats de determinadas espécies animais e a escassez alimentar e hídrica em diversas regiões. O aumento do nível do mar faria com que territórios costeiros inteiros desaparecessem, e o aumento de gases do efeito estufa na atmosfera provocaria a intensificação de fenômenos meteorológicos extremos, como tempestades mais severas, mais inundações e condições perigosas para o transporte aéreo.
A desertificação de zonas áridas e o agravamento das zonas de calor também tendem a favorecer o aparecimento de novos vírus, bactérias e doenças relacionadas à sua transmissão, o que contribuiria com o cenário de "extinção em massa" sugerido por Montgomery.
A previsão, no caso do Brasil, é que as ondas de calor passem a ocorrer 6,4 vezes ao ano (em vez de 4,9 vezes, em média), caso a temperatura média suba 3°C.
O pesquisador evidencia, ainda, que é preciso começar a pensar em soluções adaptativas para as mudanças climáticas já em curso, além de continuar a insistir na redução drástica das emissões de poluentes.