Pesquisadores a bordo do navio quebra-gelo RSV Nuyina — cujo nome significa “luzes do sul” na língua palawa kani, dos aborígenes da Tasmânia — encontraram diversas espécies inusitadas no fundo do mar da Antártica, algumas delas possivelmente nunca antes vistas. A expedição integra o Programa Antártico da Austrália e tem como foco monitorar os efeitos do aquecimento dos oceanos na Geleira Denman, a cerca de 5 mil quilômetros ao sul da Austrália.
Segundo o professor Jan Strugnell, biólogo marinho da Universidade James Cook, de Queensland, os animais foram localizados enquanto os cientistas “vasculhavam o fundo do mar” na costa antártica.
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Entre as espécies encontradas está um curioso porco-do-mar — semelhante a um pepino-do-mar — com corpo mole e inchado, medindo entre 4 e 15 centímetros. Ele vive a até 6 mil metros de profundidade e se alimenta de matéria orgânica que se deposita no solo marinho, conhecida como “neve marinha”.
Em uma foto divulgada pelo governo australiano, o animal aparece nas mãos de um pesquisador, com aparência gelatinosa e amarelada, além de duas pequenas “antenas” no topo da cabeça.
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Outra descoberta foi uma aranha-do-mar do tamanho de uma mão humana. Embora sejam chamadas de aranhas, pertencem a um grupo diferente de artrópodes, aparentado aos caranguejos. Com pernas finas que podem atingir até 51 centímetros de envergadura, elas são adaptadas para a vida no fundo do oceano. De acordo com a revista Live Science, já foram catalogadas mais de 1.300 espécies desse tipo, cujos órgãos reprodutores ficam localizados nas pernas.
Os cientistas também identificaram exemplares de "borboletas-do-mar" — caracóis que nadam movendo estruturas semelhantes a asas, apelidados de Clio. Alguns deles chegaram a pôr ovos nos aquários do navio.
Outro achado inclui um peixe de morfologia peculiar: corpo pequeno e alongado, com uma cabeça mais larga e boca projetada para frente, possivelmente também uma espécie inédita.
Além dos animais, a missão coleta amostras para avaliar mudanças nas características físicas e biológicas do ambiente marinho, como temperatura da água, níveis de oxigênio e salinidade.
Com o derretimento acelerado das geleiras, novas descobertas e desafios ambientais podem estar a caminho, alguns deles mais negativos do que o contrário, notam os pesquisadores. É o caso de microrganismos, como bactérias desconhecidas, que podem emergir dos desequilíbrios ambientais em curso, e das novas dificuldades de adaptação que os animais antárticos vão ter de enfrentar com o aumento das temperaturas e do nível dos oceanos nos próximos anos.
