Um estudo divulgado na última quinta-feira (19) mostra que a atuação de deputados federais entre 2019 e 2022 contribuiu para o agravamento da crise climática no Brasil.
A pesquisa, feita pelo Instituto Representação e Legitimidade Democrática (Redem-INCTs), criou um índice inédito para medir o impacto ambiental de cada parlamentar com base em suas votações, discursos e projetos de lei.
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Foram analisadas 617 votações nominais, 370 proposições legislativas e 2.453 projetos. A ideia foi identificar quais iniciativas favoreciam ou barravam a emissão de gases de efeito estufa, especialmente em setores como agropecuária, energia, mineração e indústria.
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"Com esse índice podemos fazer vários testes, mas existem três principais, que sairão logo no começo. O primeiro é o de se o Congresso é majoritariamente emissor ou mitigador. Com isso, poderemos compreender se o papel do legislativo em construir proposições que, convertidas em lei, pioram o atual cenário em que vivemos. O segundo é o de se esse caráter mais emissor está localizado em um espectro ideacional específico. No caso, se direita ou esquerda importam nessa análise. E, por fim, queremos testar qual setor da economia está mais amplamente associado às atividades emissoras dos parlamentares. Isso ajuda também a entender que a questão climática mexe com interesses contraditórios, poderosos, que precisariam ser enfrentados", explica o Doutor em ciência política e bolsista do Redem, Mateus de Albuquerque, que lidera a elaboração do Índice de Carbono da Atuação Parlamentar
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O levantamento aponta que mais da metade dos deputados apoiou medidas que aumentam as emissões de CO2. Também foi identificada uma relação direta entre posição ideológica e impacto ambiental: deputados de direita, em média, contribuíram mais para o aumento das emissões do que os de esquerda.
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No ranking individual, os parlamentares com maior “pegada de carbono” foram Paulo Ganime (NOVO-RJ), Alexis Fonteyne (NOVO-SP) e Kim Kataguiri (DEM-SP).
Já os que mais atuaram para reduzir emissões foram Nilto Tatto (PT-SP), Erika Kokay (PT-DF) e Rodrigo Agostinho (PSB-SP).
Outro ponto destacado é que deputados ligados a frentes parlamentares do agronegócio e da mineração também registraram altas pontuações no índice de emissões.
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