Na fronteira entre ciência e espetáculo natural, o fenômeno conhecido como "lava azul" encanta pesquisadores e aventureiros ao redor do mundo.
Contrariando seu nome, não se trata de lava verdadeira, mas sim de chamas azuis produzidas pela combustão espontânea do enxofre em condições vulcânicas extremas.
Esse fogo sulfúrico surge quando o enxofre gasoso escapa das fissuras do solo e entra em contato com o ar quente, acima de 360?°C.
Ao queimar, emite uma chama azul-neon intensa, que pode atingir até cinco metros de altura e, em certos casos, fluir como se fosse lava derretida. O cenário mais impressionante desse fenômeno ocorre no vulcão Kawah Ijen, na Indonésia, apelidado de “Vulcão Azul”.
Localizado na ilha de Java, Kawah Ijen abriga um dos maiores depósitos de enxofre do planeta. Nas crateras vulcânicas, as altas temperaturas subterrâneas — que podem ultrapassar 600?°C — provocam a ignição imediata do enxofre ao entrar em contato com a superfície. À noite, as chamas brilham com um tom elétrico, criando um espetáculo visual raro e surreal.
Veja o vídeo:
Outros locais, como a montanha Dallol (Etiópia) e o Parque Nacional de Yellowstone (EUA), também já registraram o fenômeno, seja por atividade vulcânica ou durante incêndios florestais. Em Kilauea (Havaí), o efeito surgiu durante uma erupção em 2018, quando o metano subterrâneo entrou em combustão.
Apesar de sua beleza, o fenômeno serve como lembrete do poder transformador da natureza e da complexidade química por trás dos eventos vulcânicos. A "lava azul" não é apenas um show de luzes — é uma janela para os processos geoquímicos que moldam nosso planeta.