No Parque Estadual Caverna do Diabo, inserido em trechos de Mata Atlântica do litoral sul do estado de São Paulo, um sistema de cavernas com mais de 6 mil metros de extensão (dos quais apenas 600 metros estão abertos à visitação) dá lugar à caverna considerada por quem a visita a mais assustadora do Brasil. Sua reputação está envolta numa lenda antiga.
Descoberta oficialmente em 1891, a Caverna do Diabo é uma formação cujo uso por povos originários do Brasil data de séculos.
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Localizada no município de Eldorado, a 280 quilômetros da capital paulista, sua entrada fica a impressionantes 560 metros de altitude. De terça a domingo, entre 8h e 17h, é possível entrar lá para observar as formações geológicas das milhares de estalactites que pendem do teto e, mais à frente, um desnível num vão de 150 metros, que ultrapassa o limite de visitação por seu perigo.
A lenda da caverna, cuja aparência é, por si só, assustadora (repleta de formações de calcário que se assemelham a agulhas grossas e quase lembram uma construção gótica), conta que a comoção em torno da caverna tem origem em uma prática antiga de moradores locais.
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Créditos: Wikimedia Commons
Conta-se que os habitantes de quilombos da região, que costumavam ir até lá para se refrescar com as reservas de água formadas no interior da gruta, deixavam suas colheitas do lado de fora. Quando voltavam, não as encontravam como haviam deixado: elas apresentavam sinais de perturbação, apareciam espalhadas pelo chão ou dispostas de maneira diferente.
Além disso, por vezes se ouviam "vozes", gemidos e murmúrios não identificados (e assustadores) que pareciam vir do interior da caverna. Soavam como pessoas conversando entre si — mas, ao entrar na caverna, a surpresa era não encontrar ninguém.
Os quilombolas logo associaram as ocorrências a algum fenômeno misterioso, possivelmente de origem sobrenatural: seriam pessoas "perdidas" no interior da formação, ou talvez algo pior. Talvez até o "diabo".
Nas formações da caverna, é possível deparar-se com esculturas incrustadas em material calcáreo que se assemelham a animais; aqui um elefante, ali um rinoceronte. A iluminação parca do lugar torna os achados ainda mais bizarros.
Num certo ponto, um altar conhecido como "bolo da noiva" surpreende o visitante; em outro, uma fonte chamada de "batismal".
Créditos: Wikimedia Commons
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Apesar de ser gigantesca em escala, com um interior amplo, uma ponte de acesso se une às escadarias para permitir ao visitante explorar apenas uma parte da região: o Cathedral Hall, repleto de estalagmites (que crescem do chão para cima) e helictites (que crescem em qualquer direção, desafiando a gravidade), além das enormes estalactites que pendem do teto.
Os barulhos supostamente vindos de dentro da caverna, cuja origem não se sabe identificar, já foram associados a vozes e gemidos de espíritos antigos que talvez habitem o local (há especulações de que tenha servido como um cemitério indígena), mas quem entra parece não ouvir: o fenômeno só é percebido por quem está de fora.
Quem entra, por outro lado, talvez tenha a possibilidade de ver.