MEIO AMBIENTE E CLIMA

Mais de 50 organizações assinam manifesto em apoio à Marina Silva após ofensivas ruralistas

Ataques da bancada ruralista ocorrem após postura mais rigorosa do governo Lula no enfrentamento ao desmatamento e garimpo ilegal

Marina Silva, ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima.Créditos: Rovena Rosa / Agência Brasil
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Em reação à ofensiva ruralista no Congresso, 55 organizações não governamentais (ONGs) entregaram um manifesto ao presidente Lula em apoio à ministra Marina Silva, titular da pasta de Meio Ambiente e Mudança do Clima. Em discurso no plenário da Câmara, o deputado Evair Vieira de Melo (PP-ES) atacou a ministra e chamou de “câncer contra o desenvolvimento do país”. A frase gerou reação imediata de organizações da sociedade civil. (Leia manifesto completo ao final da matéria).

A ministra agora enfrenta nova convocação para audiência nesta quarta (7). De acordo com as entidades que assinam o manifesto, a insatisfação de setores do agronegócio decorre da postura mais rigorosa do governo no enfrentamento ao desmatamento na Amazônia e ao garimpo ilegal.

"As instituições signatárias deste documento externam espanto e preocupação diante dos ataques que a bancada ruralista da Câmara dos Deputados vem fazendo à Ministra Marina Silva, como tem acontecido na Comissão de Agricultura da Câmara dos Deputados, e do pouco apoio a ela por parte do governo", escrevem as organizações.

As ONGs condenam projetos como o PL 2.159 e o PL 36/21, apontando que eles favorecem retrocessos ambientais ao permitir desmatamentos e ameaçar áreas de preservação em diversos biomas do país. "o PL [2.159] desmantela ainda mais o Sistema Nacional do Meio Ambiente (Sisnama), flexibilizando o licenciamento ambiental e enfraquecendo normas duramente conquistadas pela sociedade e instituições públicas como o Ibama", reforçam.

"O outro PL [36/2021] que tramita na casa traz preocupação à sociedade, pois prevê ampliar atividades em APPs (áreas de preservação permanente, que incluem nascentes, margens de cursos d’água e faixas de alta declividade, entre outras áreas ambientalmente sensíveis), sob alegação de "interesse social" ou "utilidade pública". Ora, interesse social é um leque em que cabe qualquer coisa, principalmente para atender interesses políticos e econômicos"

No manifesto, as entidades ainda destacam que: “O Brasil não conseguirá cumprir os compromissos anunciados se estes PLs forem aprovados, pois claramente facilitam a 'legalização' do desmatamento. Neste cenário, o apoio firme e explícito a Marina Silva é fundamental”.

Há pouco tempo, Marina rebateu ataques misóginos

A ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, respondeu em março um ataque misógino que recebeu do senador Plínio Valério (PSDB-AM), que declarou ter vontade de "enforcar" a ministra. Durante cerimônia da Fecomércio, realizada na última sexta-feira (14), atacou Marina Silva ao comentar a participação dela na CPI das ONGs, no Senado. "Imagine o que é tolerar Marina 6 horas e dez minutos sem enforcá-la", declarou o tucano.

Marina Silva respondeu o ataque do senador Plínio Valério: "Com a vida dos outros não se brinca. Quem brinca com a vida dos outros ou faz ameaças aos outros de brincadeira e rindo, só os psicopatas são capazes de fazer isso." A declaração de Marina Silva ocorreu durante o programa Bom dia, Ministra, do governo federal. 

Além de classificar o senador Plínio Valério como "psicopata", Silva também refletiu sobre a violência motivada por gênero e a maneira como ela afeta mulheres públicas como ela, mas, principalmente, as anônimas que não contam com visibilidade e nem estruturas de poder para protegê-las.

"A violência política de gênero acontece o tempo todo. Eu fico imaginando, alguém que é ministra do Meio Ambiente, alguém que, de certa forma é conhecida dentro e fora do país, tem que ouvir uma coisa dessa de alguém incitando a violência por discordar de alguém. Porque isso é uma forma de incitar a violência contra uma mulher. Dificilmente isso fosse dito se o debate fosse com um homem. É dito porque é com uma mulher preta, de origem humilde e uma mulher que tem uma agenda que, em muitos momentos, confronta os interesses de alguns que, no meu entendimento, deveria ficar apenas no espaço da divergência política e não no incentivo à violência", declarou Marina Silva.

 

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