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Em mensagem aos jornalistas da Rede que participaram da produção da reportagem sobre o suposto envolvimento de Jair Bolsonaro no assassinato da vereadora Marielle Franco (PSol) e do motorista Anderson Gomes, divulgada nesta segunda-feira (4) por Mônica Bergamo na Folha de S.Paulo, o diretor de jornalismo da Globo, Ali Kamel, disse ter orgulho do resultado da apuração.
"Seguiremos fazendo jornalismo, em busca da verdade. É a nossa missão. Para nós, é motivo de orgulho. Para outros, de irritação e medo", afirmou Kamel.
Na longa carta, que se inicia com a frase "há momentos em nossa vida de jornalistas em que devemos parar para celebrar nossos êxitos", o diretor da Globo conta detalhes da apuração jornalística que seria de conhecimento apenas do próprio Kamel, de William Bonner, apresentador do Jornal Nacional, e do diretor de Jornalismo do Rio de Janeiro, Vinícius Menezes, além da equipe envolvida. "Tudo para que a informação não vazasse para outros órgãos de imprensa", diz.
Kamel ainda conta que o advogado de Bolsonaro, Frederick Wassef, teria sonegado a informação sobre o áudio na portaria do condomínio com gravação que seria de Ronnie Lessa autorizando a entrada do ex-PM Elcio Queiroz no dia do assassinato de Marielle.
"Hoje sabemos que o advogado do presidente, no momento em que nos concedeu entrevista, sabia da existência do áudio que mostrava que o telefonema fora dado, não à casa do presidente, mas à casa 65, de Ronnie Lessa. No último sábado, o próprio presidente Bolsonaro disse à imprensa: “Nós pegamos, antes que fosse adulterada, ou tentasse adulterar, pegamos toda a memória da secretária eletrônica que é guardada há mais de ano"", afirmou Kamel.
Para ele, a sonegação deu margem justamente para que Bolsonaro atacasse a emissora.
"Por que os principais interessados em esclarecer os fatos, sabendo com detalhes da existência do áudio, sonegaram essa informação? A resposta pode estar no que aconteceu nos minutos subsequentes à publicação da reportagem do Jornal Nacional. Patifes, canalhas e porcos foram alguns dos insultos, acompanhados de ameaças à cassação da concessão da Globo em 2022, dirigidos pelo presidente Bolsonaro ao nosso jornalismo, que só cumpriu a sua missão, oferecendo todas as chances aos interessados para desacreditar com mais elementos o porteiro do condomínio (já que sabiam do áudio)".
Leia a íntegra da carta na coluna de Mônica Bergamo