DITADURA

Fantástico exibe áudios que mostram que Superior Tribunal Militar sabia de torturas na ditadura

Gravações inéditas mostram que o STM sabia que mulheres grávidas eram torturadas na prisão e que repressão chegou a provocar abortos

Superior Tribunal Militar.Créditos: Superior Tribunal Militar
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O Fantástico, da TV Globo, deu destaque neste domingo (17) aos áudios inéditos revelados pelo historiador Carlos Fico, da UFRJ, através da colunista Miriam Leitão, de O Globo, que mostram que ministros do Superior Tribunal Militar (STM) sabiam que a tortura era praticada durante a ditadura militar até mesmo contra mulheres grávidas.

O programa repercutiu a declaração do ministro Rodrigo Otávio Jordão Ramos sobre as torturas praticadas em mulheres grávidas, que fizeram com que algumas abortassem.

"Alguns réus trazem aos autos acusações referentes a tortura e sevícias das mais requintadas, inclusive provocando que uma das acusadas, Nádia Lúcia do Nascimento, abortasse após sofrer castigos físicos no Codi-DOI”, disse o general em um dos áudios.

O Fantástico destacou que Nádia foi forçada a abortar após “choques elétricos no aparelho genital”.

Em entrevista à revista eletrônica, o historiador Carlos Fico ressaltou que há inúmeras provas de que houve tortura no período militar.

Falas de outros ministros também foram exibidas para reforçar que o material comprovava a existência de práticas de tortura na ditadura - fato que é ignorado pelo presidente Jair Bolsonaro (PL) e seus filhos.

"O que não podemos admitir é que o homem, depois de preso, tenha a sua integridade física atingida por indivíduos covardes, na maioria das vezes, de pior caráter que o encarcerado. Senhores ministros, já é tempo de acabarmos de uma vez por todas com os métodos adotados por certos setores policiais de fabricarem indiciados, extraindo-lhes depoimentos perversamente pelos meios mais torpes, fazendo com que eles declarem delitos que nunca cometeram, obrigando-os a assinar declarações que nunca prestaram e tudo isso é realizado por policiais sádicos, a fim de manterem elevadas as suas estatísticas de eficiência no esclarecimento de crimes", disse o ex-ministro almirante Julio de Sá Bierrenbach em 19 de outubro de 1976.