ELEIÇÕES 2022

Globo: Bolsonaro mente e quer "tornar um inferno a vida de seu sucessor"

Em editorial no jornal O Globo, família Marinho afasta possibilidade de apoio da cúpula militar a uma "quartelada": "não passa de especulação sem lastro na realidade"

José Roberto, Roberto Irineu e João Roberto Marinho, da Globo.Créditos: Divulgação
Escrito en MÍDIA el

Em editorial na edição desta quarta-feira (20) no jornal O Globo, a família Marinho afirma que na reunião com embaixadores em que apresentou um power point repetindo ataques contra as urnas eletrônicas, Jair Bolsonaro "variou, como era previsto, entre a mentira e o delírio".

"A apresentação de 50 minutos sobre o sistema eleitoral que o presidente Jair Bolsonaro fez diante de algumas dezenas de representantes de missões diplomáticas estrangeiras na última segunda-feira variou, como era previsto, entre a mentira e o delírio. Bolsonaro é um político em campanha, cuja pontuação nas pesquisas tem sido sofrível. Essa é a razão para mais essa pantomima a que submeteu o Brasil. Seu desempenho foi constrangedor a ponto de ninguém aplaudir no final — e de o próprio Bolsonaro ter de lembrar à plateia que tinha terminado", diz o texto.

Segundo o editorial do jornal, porta-voz político do clã global, Bolsonaro tenta "criar um discurso que garanta sobrevida a seu grupo político diante de uma derrota provável".

"Bolsonaro é um político que trabalha na cizânia, depende dos inimigos para se justificar. Ele prepara tudo para, em caso de fracasso, tornar um inferno a vida de seu sucessor, com apoio da base aguerrida convencida de suas mentiras (era ela a audiência almejada do discurso, não os diplomatas)", diz o texto.

Embora admita que o comportamento do presidente vai gerar uma "tensão institucional" jamais vista em processos eleitorais no Brasil, a Globo acredita que "Bolsonaro se revela incapaz de alinhar as forças necessárias para ter sucesso numa tentativa de virada de mesa".

O texto diz que o legislativo não embarcaria na "aventura", mesmo diante do silêncio de Arthur Lira (PP-AL) - "comandou a votação em que as teses bolsonaristas sobre o voto impresso foram derrotadas". 

A Globo ainda cita a reação dos tribunais superiores e, antes de estocada no ministro da Defesa Paulo Sérgio Nogueira de Oliveira, que aderiu "às teses estapafúrdias sobre as urnas eletrônicas", afirma que não há apoio das Força Armadas como instituição para um golpe.

"Mas há uma diferença entre a decisão política — absurda, é verdade — de apoiar o discurso mentiroso do presidente e uma quartelada. A perspectiva de que a cúpula militar se mobilize para evitar a votação ou para impedir a posse de outro presidente que não Bolsonaro hoje não passa de especulação sem lastro na realidade".