Com objetivo de manter sob controle de seu governo a opinião pública de Israel, o primeiro-ministro de Israel, o genocida condenado pelo Tribunal Penal Internacional Benjamim Netanyahu decretou uma medida que pode levar à falência o mais antigo e tradicional jornal do país, o Haaretz: proibiu qualquer órgao ou funcionário do governo a dar entrevistas ou a anunciar no jornal.
O motivo alegado é o mesmo utilizado contra quem critica seu governo que já matou quase 45 mil palestinos em Gaza, 40% deles (18 mil) crianças: acusar de favorecer os inimigos ou ser antissemita (disto ainda não acusaram o Haaretz).
O jornal é hoje o único que mantém uma posição independente, levando ao povo de Israel um pouco dos crimes que estão sendo cometidos em Gaza, que se intensificaram e agravaram desde o ataque do Hamas de 7 de outubro de 2023.
O governo disse que sua decisão foi devido a "muitos artigos que prejudicaram a legitimidade do estado de Israel e seu direito à autodefesa, particularmente as observações feitas em Londres pelo editor do Haaretz, Amos Schocken, que 'apoiam o terrorismo e pedem a imposição de sanções ao governo'", informou o Haaretz no domingo.
O Haaretz acrescentou que o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu aprovou a decisão, que não constava da agenda do governo para a reunião semanal do gabinete.
Trata-se de uma "resolução oportunista para boicotar o Haaretz, aprovada na reunião de hoje do governo sem qualquer revisão legal (...) [e] outro passo na jornada de Netanyahu para desmantelar a democracia israelense. Netanyahu está tentando silenciar um jornal crítico e independente. O Haaretz não vai recuar e não vai se transformar em um panfleto que publica mensagens aprovadas pelo governo e seu líder", acrescentou o veículo.
O colunista do Haaretz, Gideon Levy, disse à Al Jazeera que as sanções impostas pelo governo ao jornal "enviam uma mensagem muito ruim, tanto política quanto moralmente".
"Muitos o veem [o Haaretz] como o único jornal em Israel porque, especialmente [nessa] guerra, quase todos os meios de comunicação se alistaram totalmente na narrativa do governo e do exército" e não mostraram aos israelenses o que estava acontecendo em Gaza, disse ele.
A disputa do governo com a organização se intensificou no mês passado em uma conferência em Londres, onde o editor Schocken disse que o governo de Netanyahu não se importava em "impor um regime cruel de apartheid à população palestina".
"Ele descarta os custos de ambos os lados para defender os assentamentos enquanto luta contra os combatentes da liberdade palestinos que Israel chama de 'terroristas'", acrescentou.
Após um clamor público israelense sobre seus comentários, Schocken disse que sua menção aos combatentes da liberdade palestinos não se referia ao Hamas.
No entanto, o ministro das Comunicações, Shlomo Karhi, que propôs a sanção do veículo de notícias, lançou uma nova campanha contra o Haaretz, pedindo um boicote ao jornal.
No ano passado, Karhi abordou o secretário do gabinete israelense com um projeto de resolução para suspender todas as assinaturas do Haaretz por funcionários públicos, inclusive do exército.
Censura à imprensa por Israel
Além do ataque que ameaça a sobrevivência do Haaretza, Israel vem reprimindo a mídia à medida que a guerra continua e já matou dezenas de jornalistas palestinos em Gaza, inclusive Ismail al-Ghoul, Rami al-Rifi, Samir Abudaqa e Hamza Dahdouh, da Al Jazeera.
Vários outros jornalistas da Al Jazeera foram ameaçados por Israel, e a rede foi forçada a fechar suas agências em Israel e na Cisjordânia ocupada.
Com informações da Al Jazeera
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