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Diretor da Record é indiciado por assédio sexual a jornalista da equipe de Cabrini

Márcio Santos tem 46 anos, é pai e avô e frequenta a Igreja Universal do Reino de Deus. É conhecido por suas posturas conservadoras e pela proximidade com os bispos.

Márcio Santos foi afastado da TV Record após denúncia de assédio sexual.Créditos: Reprodução / TV Record
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Márcio Santos, diretor de Recursos Humanos da TV Record, foi indiciado pela Polícia Civil de São Paulo por assédio sexual. A denúncia foi feita pelo jornalista Elian Matte, de 32 anos, que atua como editor na equipe de Roberto Cabrini.

Matte fez a denúncia em novembro e após investigação, a Polícia confirmou que Santos, que está afastado do cargo, cometeu o crime de constrangimento ilegal para obter vantagem ou favorecimento sexual.

Segundo reportagem da revista Piauí, Márcio Santos tem 46 anos, é pai e avô e frequenta a Igreja Universal do Reino de Deus. É conhecido por suas posturas conservadoras e pela proximidade com os bispos.

Segundo o relato de Matte, as investidas de Márcio Santos começaram em agosto de 2022, quando o diretor o chamou para sua sala. A primeira conversa foi direcionada a assuntos profissionais, porém, o convite aconteceu mais duas vezes. Na terceira vez, a conversa de Santos começou a ter um caráter mais pessoal e, ao final da reunião, o diretor teria passado a mão pelo braço e peito de Matte. A partir dali, o editor não aceitou mais os convites para essas reuniões. 

Contudo, as tentativas do diretor continuaram pelo Whatsapp e de formas mais explícitas, com mensagens de Santos chamando Matte de "gostosinho" e dizendo que o "sequestraria por meia hora". Quando o jornalista estava com suspeita de Covid-19, o diretor chegou a falar que faria o teste em Matte e "tiraria toda a sua roupa, depois a minha, para não haver contaminação, depois pegaria a haste maior e… [emoji com cara feliz]”.

Através de outras mensagens, Matte percebeu que Santos tinha seus dados pessoais e sabia onde ele morava. O jornalista começou a desenvolver ansiedade e a sentir medo do poder que o diretor tinha em relação a ele. 

Tudo piorou quando Matte descobriu que Santos também o observava pelas câmeras de segurança, ao receber uma foto com zoom em seu órgão genital. “Pergunta se está sensual? SIMMM, SEX!”, disse Santos.

Matte tentou denunciar a situação algumas vezes dentro da emissora. Teve reuniões com o vice-presidente de Jornalismo, Antonio Guerreiro, e tentou contato com Luiz Claudio da Silva Costa, presidente da Record. Não obteve sucesso em nenhuma das tentativas. 

Já com o psicológico prejudicado pela situação, o jornalista marcou uma consulta no Centro Médico Hadassah, que presta serviços à emissora. Foi diagnosticado com "bournout", distúrbio causado por excesso de trabalho. Porém, a  médica responsável, Nicolle Taissun, foi pressionada e, com medo de perder o emprego, mudou o diagnóstico para depressão, ansiedade e compulsão alimentar.

Matte procurou um médico particular porque sua saúde piorava, com crises de pânico e estado depressivo. O profissional fez um relatório pedindo para que, devido ao seu estágio de saúde, o jornalista passasse a trabalhar em regime de home office “por tempo indeterminado”.