JUSTIÇA

Record é condenada a indenizar atriz que teve casa apedrejada após reportagem

A vítima também foi agredida e ofendida por causa de uma reportagem exibida no programa “Balanço Geral”, em 2021

Imagem Ilustrativa.Créditos: Divulgação
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A Justiça determinou que a TV Record pague indenização de R$ 20 mil à atriz Tânia Regina, por causa de uma reportagem exibida pelo programa “Balanço Geral”, em 2021. A artista foi alvo de agressões, ofensas e teve sua casa apedrejada.

Conforme decisão do desembargador Alexandre Coelho, a reportagem continha “distorções e inverdades”, e sua veiculação provocou “desastrosas consequências”.

A residência de Tânia, no interior de São Paulo, chegou a ser apedrejada, ela foi alvo de ofensas nas ruas e, inclusive, levou uma cusparada.

Tudo começou no início dos anos de 1980. Ao retornar de uma gravação da novela “Rosa Baiana”, da Rede Bandeirantes, em Salvador (BA), a atriz observou uma mulher que tentava matar uma criança. Sua reação foi de parar para ajudar. Depois, ela ficou sabendo que não era a primeira vez que a mãe biológica tentava tirar a vida da menina, então com 5 anos.

Tânia, com auxílio de um policial, levou a criança para o hotel onde estava hospedada e acabou adotando a menina. Cerca de um ano depois disso, com o término das gravações, ela voltou a São Paulo, onde morava, com a criança.

Diante das circunstâncias nada convencionais da adoção, houve, à época, uma investigação. Porém, a Justiça deu razão à atriz, que passou a ser tutora da menina.

Em 2021, a filha, já uma mulher de 46 anos, procurou a Record para obter ajuda na localização de algum parente biológico. A emissora de Edir Macedo e a atriz conseguiram encontrar um irmão dela, que estava morando na África do Sul.

“O que era para ser uma história linda de superação, tornou-se um verdadeiro caos na vida da atriz. A emissora abusou do sensacionalismo para obter audiência”, afirmou à Justiça o advogado de Tânia, Luiz Antunes, de acordo com a coluna de Rogério Gentile, no UOL.

O “Balanço Geral” exibiu uma reportagem, cujo título era “Quem é a atriz de novelas que foi acusada de sequestrar menina após adotá-la?”.

A reportagem, ainda conforme conclusão da Justiça, além de utilizar “sequestro” na chamada, distorceu fatos, dando a entender que a atriz agredia a criança.

“A edição da reportagem não esteve de acordo com os ditames do código de ética do jornalismo”, destacou o desembargador na decisão.

“Dar a entender a todos os telespectadores, em nível nacional, que a atriz seria a responsável pelos sofrimentos da pessoa que adotou é informação inverídica que agrediu a sua honra e dignidade”, prosseguiu.

A atriz Tânia Regina - Foto: Reprodução/Redes Sociais

O que diz a Record

A defesa da Record alegou à Justiça que não teve a intenção de prejudicar Tânia. Afirmou que a reportagem não “sugere que ela era responsável pelas agruras sofridas por sua filha adotiva”, e ainda desmentiu que tenha ocorrido manipulação e sensacionalismo.

“O relato refere-se ao período anterior à adoção e, para se chegar a esta conclusão, basta a mera visualização da reportagem. A matéria deu ênfase à nobre e heroica atitude da atriz em adotar a menina, provavelmente lhe poupando um destino trágico", continuou a Record, que ainda pode recorrer.