
O Jornal Nacional, da TV Globo, desta quarta-feira (29) deu destaque a um levantamento que mostra que o governo do presidente Jair Bolsonaro usou, de fato, a “distração” da imprensa com a pandemia do novo coronavírus para promover mudanças na legislação ambiental.
“O ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, foi o autor de uma das declarações de maior repercussão daquela famosa reunião ministerial do dia 22 de abril e a análise das atividades do ministério desse ano de pandemia mostra que o governo Bolsonaro acolheu a ideia do ministro de mudar normas e regulações ambientais enquanto a imprensa informava sobre a tragédia nacional da Covid”, disse o apresentador William Bonner logo na abertura do telejornal.
A chamada faz referência à frase “aproveitar a pandemia para passar a boiada”. “Precisa ter um esforço nosso aqui enquanto estamos nesse momento de tranquilidade no aspecto de cobertura de imprensa, porque só fala de Covid, e ir passando a boiada e mudando todo o regramento e simplificando normas”, declarou durante a reunião.
Na reportagem, do jornalista Júlio Mosquéra, o JN destaca um levantamento publicado pela Folha de S. Paulo com o Instituto Talanoa que mostra que o governo publicou 195 portarias, instruções normativas e decretos durante a pandemia – um número 12 vezes maior do que o do mesmo período no ano passado.
O telejornal ainda aponta as medidas mais “polêmicas” segundo o Talanoa. Entre elas está a anistia a desmatadores da Mata Atlântica, em abril, que foi revogada após pressão do MP.
Natalie Unterstell, coordenadora do projeto Política por Inteiro, do Instituto Talanoa, apontou que essa mudanças são muito graves porque as políticas ambientais são fruto de décadas de construção sendo perdidas.