Após seis dias, estudantes da Unicamp mantêm ocupação da reitoria

Manifestantes são contra a PM nos campus da universidade e pedem que alunos envolvidos no protesto não sejam criminalizados

Estudantes se manifestaram contrários a presença da PM no campus (Foto: UJS)
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Manifestantes são contra a PM nos campus da universidade e pedem que alunos envolvidos no protesto não sejam criminalizados

Por Igor Carvalho [caption id="attachment_32689" align="alignleft" width="300"] Estudantes são contrários à presença da PM no campus (Foto: UJS)[/caption]

Desde a última quinta-feira (3), aproximadamente 150 alunos ocupam a reitoria da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) contra a presença da Polícia Militar em seus quatro campus (Campinas, Limeira, Piracicaba e Paulínia). Segundo a representante dos estudantes, Diana Nascimento, o movimento já conseguiu paralisar alguns cursos e ampliar o apoio de alunos.

“Estamos construindo, agora, a greve nas unidades, desde ontem os alunos já estão saindo das aulas”, afirma Diana. De acordo com ela, já aderiram à paralisação as faculdades de Educação, Ciências Sociais, História, Letras, Linguística e os institutos de Artes, Enfermagem, Biologia, Filosofia e Tecnologia.

A próxima assembleia dos estudantes será na próxima quinta-feira (10), quando decidirão sobre a manutenção da ocupação. Com a pressão do movimento, a Unicamp entregou a decisão sobre a presença da PM ao Conselho Universitário, formado por representantes dos alunos, professores e reitoria.

PM no campus

No último dia 21, o estudante Denis Papa Casagrande foi assassinado pela atendente de telemarketing Maria Tereza Peregrino, com quatro facadas, durante uma festa no teatro arena da Unicamp. Foi então que o governador Geraldo Alckmin (PSDB) decidiu oferecer a PM à universidade. Imediatamente, o Diretório Central dos Estudantes (DCE) se manifestou contrário.

Para Diana, o assassinato de Casagrande apenas acelerou uma medida já pensada pela Unicamp e desenvolvida em outras universidades sob a responsabilidade de Alckmin. “A reitoria se utilizou da fatalidade de uma morte para passar um projeto que já está dentro das universidades estaduais, é tudo aquilo que já vemos na USP.”

Criminalização

Se por um lado, a Unicamp parece recuar sobre a presença da PM no campus, a reitoria da universidade sinaliza que não deixará de tentar punir os estudantes envolvidos na ocupação. Para os estudantes, antes de encerrar a ocupação, é necessário um compromisso da reitoria com relação aos processos.

“Os estudantes que organizam e participam da ocupação não podem ser criminalizados e nem sofrer processos, mesmo internos”, afirma Diana, que espera que a manifestação seja entendida como “atos coletivos e políticos.”

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