Professoras e professores da rede estadual paulista de ensino podem entrar em greve, a depender de decisões que serão tomadas pela categoria nos próximos dias. Na próxima sexta-feira (12), o Sindicato dos Professores do Ensino Oficial de São Paulo (Apeoesp) realizarão uma assembleia na Praça da República, centro da capital, para debater o tema.
Uma das reivindicações dos professores é impedir a obrigatoriedade da volta às aulas presenciais de estudantes até 12 anos, que não tomaram vacina contra a Covid-19. A categoria aponta ainda que o governo de São Paulo, comandado por João Doria (PSDB), não forneceu estrutura para que as escolas conseguissem respeitar protocolos sanitários, como o distanciamento social.
"O secretário de Educação, Rossieli Soares, vem mantendo comportamento negacionista, em nada diferente do que apresentam Jair Bolsonaro, seus ministros e apoiadores. Eliminar totalmente o distanciamento, em salas superlotadas e sem ventilação, como é a realidade das escolas públicas estaduais, é o auge da irresponsabilidade e está em desacordo com os protocolos sanitários. A Organização Mundial da Saúde recomenda o distanciamento mínimo de 1,5 metro", afirma a deputada estadual Professora Bebel (PT-SP), presidenta da Apeoesp.
A entidade destaca ainda que, em meio à pandemia do coronavírus, o investimento em Educação caiu 6,4%, de acordo com o grupo Rede Pesquisa Solidária da Universidade de São Paulo.
"O secretário da Educação, o governador do Estado e demais autores dessa decisão que obriga o retorno às aulas presenciais devem ser responsabilizados por todas as suas consequências. Nós não vamos aceitar. Se não fossem as ações do nosso Sindicato, as consequências do retorno imprevisto e apressado às aulas presenciais seriam trágicas", completa Bebel.
Reajuste salarial
Outra demanda da categoria é o reajuste salarial. Este tema também será discutido na assembleia da próxima sexta-feira e pode ensejar a greve.
Segundo Bebel, além manter os salários dos professores congelados nos últimos anos, o governo Doria enviou para a Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp) uma proposta de abono e não de reajuste salarial.
"Não queremos abono. Queremos uma política salarial decente e o reajuste imediato de 29,25% para que, ao menos, nossos salários iniciais sejam equiparados ao piso nacional, com as devidas repercussões em todos os níveis salariais", diz a deputada.
"Vamos mobilizar nossas bases para que compareçam à Assembleia Legislativa durante a tramitação dessa proposta do governo, o PLC 37", prossegue a presidenta da Apeoesp.