Lula diz que Moro o condenou com uma mentira: “Agora, anda com cara de bunda”

Durante participação no Natal dos Catadores e da População em Situação de Rua, Lula falou da crise no país, mas pediu para que o povo não perca a esperança

O ex-presidente Lula em encontro com catadores de material reciclado (Foto: Reprodução/YouTube)
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O ex-presidente Lula (PT) voltou a criticar Sergio Moro (Podemos), nesta quarta-feira (22), em pronunciamento, durante mais uma edição do Natal dos Catadores e da População em Situação de Rua, na quadra do Sindicato dos Bancários de São Paulo e Osasco, no Centro da capital paulista.

“A desgraça da Lava Jato serviu para impedir que eu concorre às últimas eleições e para fechar 4.400 postos de trabalho, acabar com nossa indústria de óleo e gás, como nossa engenharia”, disse Lula, que estava ao lado da noiva, a socióloga Rosângela Silva, a Janja.

“Isso tudo graças a um juiz (Sergio Moro) e um procurador (Deltan Dallagnol) que queriam ser donos do país. Agora, viraram políticos. Mas nós vamos dar uma ‘surra’ neles. Eu falei para ele (Moro) que estava me condenando com uma mentira. Agora, anda com cara de bunda”, destacou.

Por diversas vezes, Lula se emocionou durante sua fala, especialmente quando abordava o atual momento trágico do Brasil, em tempo de Jair Bolsonaro.

“Passei por várias crises no país, mas esta é a mais grave: é a crise da pandemia, crise moral, ética. Por causa desse psicopata que está na presidência, que não tem sentimento e mente cinco vezes por dia. Agora, deve estar mentindo mais, porque está perdendo nas pesquisas”, criticou o ex-presidente.

Porém, Lula aconselhou a população, principalmente a mais pobre, a não parar de sonhar. “Se o povo sonhasse mais, faria uma revolução nesse país”.

Também participaram do evento representantes de entidades de catadores de recicláveis e da população em situação de rua e inúmeras lideranças políticas, como Fernando Haddad, Gleisi Hoffmann, Eduardo Suplicy, Alexandre Padilha, Paulo Teixeira, Emidio de Souza, Juliana Cardoso, Jilmar Tatto, Luiz Marinho, Douglas Belchior e Marta Suplicy, entre outras.

Marcaram presença, ainda o padre Julio Lacellotti, da Pastoral do Povo de Rua de São Paulo, além de Marco Aurélio de Carvalho, advogado do Grupo Prerrogativas.

Padre Julio Lancellotii

Veja mais alguns trechos do pronunciamento de Lula:

“Eu sou um eterno sonhador. Continuo com muitos dos sonhos que eu tinha com 20 anos de idade. Porque para construir o que eu sonho nesse país é um processo muito duro. Nós estamos lutando contra 500 anos de escravidão.

Continuo acreditando que é possível construir um outro Brasil, que é possível colocar todas as crianças na escola, que todos os brasileiros façam as três refeições por dia, que é possível dar emprego para todos, melhorar o salário mínimo, que todos possam entrar na universidade.

A gente precisa humanizar o povo brasileiro. Precisamos tirar o ódio que está implantado nesse país como se fosse um tumor maligno. Precisamos extirpar isso e precisamos colocar alguém para cuidar do povo.

Não importa a condição social, não importa sua profissão. O que importa é que somos seres humanos, somos brasileiros e temos direitos. Os direitos elementares estão previstos na Constituição, na Bíblia e na Declaração Universal dos Direitos Humanos e nada disso é cumprido.

Aqui ninguém tem que ser revolucionário, nós temos que ser cristãos, democratas, humanistas. Nós temos que ser seres humanos para a gente poder olhar na cara das pessoas e dizer: ‘Você também tem direito. Eu vou comer um peru no Natal e você também tem direito de comer’.

Que país é esse que tem 230 milhões de cabeças de gado e a maioria do povo não consegue comer carne? Em que as pessoas estão na fila para pegar ossos? Por que tem criança nesse Natal que não pode tomar um copo de leite à noite, que não pode comer um iogurte?

Para que serve um governo? Para que a gente elege um prefeito, um governador? Só tem sentido eleger alguém se essa pessoa for cuidar da maioria do povo. E a maioria do povo é trabalhador.

Andar de cabeça erguida não é uma coisa qualquer. Pessoas pobres não têm que ter vergonha de ninguém. Quem tem que ter vergonha é quem está no carrão e não tem sentimento, não tem humanismo, não tem solidariedade.

Não foram poucas as vezes em que minha mãe com oito filhos, sem um pedaço de pão para nos alimentar, ela dizia: ‘Amanhã vai melhorar”. Ela nunca entrou em desespero. É o que eu peço para vocês. Não percam a esperança.

É preciso acabar com a violência contra a mulher. Mulher não pode ser maltratada nem no emprego nem em casa. Minha mãe dizia para mim: ‘A mão não foi feita para bater em mulher, a mão foi feita para trabalhar e para fazer cafuné’.

Eu aprendi economia com a Dona Lindu. Ela era analfabeta, mas sabia contar dinheiro. Os oito filhos entregavam seus salários para ela. Aprendi com ela que a gente só deve gastar o que a gente ganha. Bem diferente do Guedes: ele quer só vender a Petrobras, a Eletrobras, os Correios”.