Bolsonaro usa prorrogação do auxílio emergencial para esconder denúncias de corrupção, dizem centrais sindicais

Entidades que representam os trabalhadores rechaçam anúncio de extensão do benefício a um valor insuficiente e garantem mobilização pelo auxílio de R$600 até o fim da pandemia

Foto: Jean Maciel/Drone
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Após passar meses negando e, inclusive, chegar a sugerir que quem queira mais auxílio emergencial procure um banco e faça um empréstimo, o presidente Jair Bolsonaro anunciou em meio à pressão, denúncias de corrupção e queda de popularidade, nesta segunda-feira (5), a prorrogação do benefício até outubro deste ano, com valores que variam de R$ 150 a R$ 350.

Para centrais sindicais, o anúncio sinaliza que o presidente sentiu a pressão das mobilizações das ruas. As entidades que representam os trabalhadores, no entanto, destacam que, com a prorrogação do auxílio a um valor insuficiente para garantir a segurança social de milhões de brasileiros desempregados e afetados pela pandemia, Bolsonaro tenta esconder a crise que atinge seu governo.

"Convenientemente, o presidente usa o anúncio da prorrogação do auxílio de apenas 250 reais por três meses para esconder denúncias de corrupção que atingem seu governo e trazem à tona seu próprio nome em casos de prevaricação em contratos para a compra de vacinas, em meio às revelações da CPI da Covid", diz nota conjunta assinada pelos presidentes da CUT, Força Sindical, UGT, CTB, CSB, NCST, CGTB, CSP-Conlutas, Intersindical e Pública Central do Servidor.

"Assim, Bolsonaro usa a miséria, para a qual empurrou a população mais vulnerável, para encobrir a profunda crise que atinge seu mandato genocida", completam ainda as centrais.

Criado em abril de 2021 pelo governo, após muita pressão, principalmente de parlamentares e outros políticos de oposição, o auxílio emergencial atende pessoas vulneráveis afetadas pela pandemia da Covid-19. O benefício foi pago em cinco parcelas de R$ 600 ou R$ 1,2 mil para mães chefes de família monoparental e, depois, prorrogado até 31 de dezembro de 2020, em até quatro parcelas de R$ 300 ou R$ 600 cada.

Em 2021, os pagamentos seriam, primeiramente, por quatro meses. As famílias, em geral, recebem R$ 250; a família monoparental, chefiada por uma mulher, recebe R$ 375; e pessoas que moram sozinhas recebem R$ 150.

Para as centrais, Bolsonaro usa o auxílio como "moeda política e eleitoral" e o valor original de R$600 foi uma conquista do movimento sindical, o que "evitou a fome para quase 70 milhões de brasileiros".

"Tais manobras não nos enganam e não vamos esmorecer! A pressão seguirá cada vez mais forte, alimentada pelas mobilizações nas ruas, nos locais de trabalho e no Parlamento pelos os 600 reais mensais até o fim da pandemia, para todos e todas que necessitam", garantem as entidades.