Folha publica texto racista de antropólogo e causa revolta nas redes

Autor de homenagem a ACM e do livro "Relativismo Pós-Moderno e a Fantasia Fascista da Esquerda", Antonio Risério pinça casos nos EUA para construir sua tese de um "racismo preto antibranco" na Folha de S.Paulo

Antonio Risério e seu artigo na Folha. (Foto: Reprodução Youtube e Redes Sociais)
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Um texto racista em que o antropólogo baiano Antonio Risério pinça supostos casos ocorridos principalmente nos EUA para justificar sua tese de um "racismo preto antibranco", publicado na edição deste domingo (16) da Folha de S.Paulo, causou revolta nas redes sociais.

Risério, que chegou a ser preso na Ditadura, deixou o Ministério da Cultura em 2004 após denúncias de irregularidas no Instituto Brasil Cultural (Ibrac) e ultimamente se alinha às teses da direita para atacar o campo progressista, classifica como "tolice" o que ele diz ser um "dogma que reza que, como pretos são oprimidos, não dispõem de poder econômico ou político para institucionalizar sua hostilidade antibranca".

Citando teses de liberais estadunidenses, como o empresário William McGowan, o antropólogo lista os supostos casos ocorridos nos EUA para embasar sua tese de um racismo de negros contra brancos, asiáticos e até judeus.

O preâmbulo dedicado aos EUA tem como objetivo chegar ao Brasil, onde o antropólogo diz que "o retorno à loucura supremacista aparece, agora, como discurso de esquerda", em clara sinalização contra o campo progressista, que passou a atacar após fazer parte de movimentos ultraconservadores, escrevendo inclusive um livro em homenagem a Antônio Carlos Magalhães - intitulado ACM em Cena - e outro sobre um suposto "Relativismo Pós-Moderno e a Fantasia Fascista da Esquerda".

Em seguida, Risério, afirma sem pestanejar, na cara dura, que "o neorracismo identitário" é "norma" e atribui a culpa à autoafirmação dos negros.

"O neorracismo identitário é exceção ou norma? Infelizmente, penso que é norma. Decorre de premissas fundamentais da própria perspectiva identitária, quando passamos da política da busca da igualdade para a política da afirmação da diferença. Ao afirmar uma identidade, não podemos deixar de distinguir, dividir, separar. Não existe identitarismo que não traga em si algum grau e alguma espécie de fundamentalismo", escreve.

Artigo causa revolta nas redes

O texto de cunho claramente racista gerou revolta nas redes sociais. Internautas comentaram a publicação da Folha no Twitter que divulga o artigo.

"Esse texto é criminoso, desonesto moral e intelectualmente. Baseado em situações cuja perspectiva de análise é branca. Veja só… Tudo isso para dar viés de legitimidade às práticas estruturalmente racistas da sociedade brasileira. E pior, fundamentando-se em situação estrangeira", escreveu Leandro Assis.

https://twitter.com/Leandro_Assis13/status/1482547721668026373

"Quantos Negros estão na liderança editorial da @folha? Para afirmar que negros dispõem de poder institucional para se efetivarem enquanto racistas contra brancos eu gostaria que a @folha desse um exemplo prático vindo da própria editoria do Jornal", comentou Leví Kaique Ferreira.

https://twitter.com/LeviKaique/status/1482552311603941378

"Contrução do tema do cara mistura a escravidão muçulmana que se relaciona com crimes com a escravidão europeia que se detém a cor. É inacreditável como um ser no Brasil pode relativizar um crime contra humanidade", escreveu Pedro de Alcantara.

https://twitter.com/Pedrode93391933/status/1482549039744929792

Leia mais repercussões

https://twitter.com/TeresaCristina/status/1482548913609527297
https://twitter.com/BlogNegras/status/1482572793170599938
https://twitter.com/luciomaia_/status/1482654313864482816
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