REAÇÃO

Movimentos planejam voltar às ruas contra ameaças de Bolsonaro às eleições

Grupos que puxaram os atos "Fora Bolsonaro" no ano passado farão "reunião de emergência" para discutir novas mobilizações contra o presidente, que convocou embaixadores para colocar em xeque a realização do pleito eleitoral

Ato "Fora Bolsonaro" na avenida Paulista, em São Paulo (2021).Créditos: Mídia Ninja
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Movimentos sociais, entidades, representantes de partidos políticos e sindicatos marcaram, para a próxima sexta-feira (22), uma "reunião de emergência" para traçar estratégias de reação à ameaça de Jair Bolsonaro (PL) às eleições deste ano

O grupo, que puxou atos "Fora Bolsonaro" em todo o país no ano passado, deve organizar novos protestos de rua contra o presidente. A atitude vem após a reunião de Bolsonaro com embaixadores estrangeiros em que o presidente repetiu teorias - desmentidas em várias ocasiões - sobre fraude nas urnas e sinalizou que não vai aceitar o resultado do pleito caso seja derrotado. 

"Não podemos naturalizar a afirmação do Bolsonaro aos embaixadores. É preciso forte reação contra o eventual golpe, por eleições livres e democráticas", disse à Fórum Raimundo Bonfim, coordenador nacional da Central de Movimentos Populares (CMP). 

Discurso golpista 

O presidente Jair Bolsonaro (PL), em reunião com embaixadores estrangeiros no Palácio da Alvorada, em Brasília, nesta segunda-feira (18), disparou uma série de mentiras sobre o sistema eleitoral brasileiro, atacou ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) e do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), em mais uma tentativa golpista de colocar em xeque a eleição de outubro, diante de uma iminente derrota para o ex-presidente Lula (PT). 

Na reunião, foi exibida uma apresentação de Power Point com teorias conspiratórias, já desmentidas em inúmeras ocasiões, sobre suposta fraude nas urnas eletrônicas. Entre as mentiras contadas por Bolsonaro, está, por exemplo, a de que as de que as urnas não são auditáveis. 

Outra mentira proferida pelo presidente é sobre o inquérito da Polícia Federal, autorizado pelo STF, sobre suposto ataque hacker às urnas eletrônicas em 2018. O TSE, no entanto, já informou que, na apuração, foi concluído que não houve qualquer tipo de fraude ou alteração nos resultados. 

Em meio às mentiras sobre o sistema eleitoral, Bolsonaro aproveitou a reunião com embaixadores, ainda, para atacar ministros do STF e TSE. 

Ele afirmou, por exemplo, que o ministro Edson Fachin é advogado do MST, informação já desmentida em inúmeras ocasiões, se referindo ao movimento como um grupo "terrorista", e que o magistrado "soltou Lula" - o que também é mentira, já que a revogação da prisão do ex-presidente foi uma decisão tomada pelo plenário do STF. 

"Fachin, Moraes e Barroso. São três pessoas apenas. Três pessoas que trazem instabilidade para o nosso país. Fachin tornou Lula elegível e agora preside o TSE. Moraes advogou para bandidos no passado e Barroso defendeu o terrorista italiano", declarou. 

O presidente, em dado momento de seu discurso golpista, ironizou a presença de observadores internacionais no Brasil para acompanhar as eleições. 

“Eu peço aos senhores, o que essas pessoas vêm fazer no Brasil? Vêm observar o quê que o voto é totalmente informatizado? Vêm dar ares de legalidade?", questionou.