Brasileiros querem mais mulheres como líderes políticas, diz pesquisa

Cinco anos após golpe na ex-presidenta Dilma Rousseff, Brasil é o país que mais acredita que protagonismo feminino traria paz ao mundo, segundo pesquisa do Instituto Ipsos

Dilma Rousseff discursa após golpe (Arquivo)
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Apesar de termos tido apenas uma presidenta mulher na história, Dilma Rousseff - que foi vítima de um golpe do patriarcado político -, e a participação feminina ser somente de 15% na Câmara e no Senado, o Brasil é o país que mais acredita que mulheres na liderança política trariam paz ao mundo. Segundo uma pesquisa realizada pelo Instituto Ipsos com entrevistados de mais de 28 nações, 7 entre cada 10 brasileiros afirmam que o mundo seria mais bem-sucedido se o protagonismo feminino fosse maior.

O percentual aqui é maior do que a média, de 52%. Isso porque 72% dos brasileiros responderam concordar com a afirmação, 18% discordaram e 10% não souberam opinar sobre o tema. Dos países avaliados, em 18 deles o percentual foi maior ou igual a 50%. Em todas as nações, as entrevistadas do sexo feminino apresentam maiores taxas de concordância que os homens – a diferença média é de 12 pontos percentuais (10 no Brasil). Em segundo lugar no ranking ficaram os latino-americanos Peru e Colômbia (ambos com 70%), seguidos da Turquia (67%).

“É possível que a primeira posição ocupada pelo Brasil neste ranking seja uma resposta à maneira truculenta como tantas líderes femininas têm sido tratadas por políticos em situação de poder. Embora a participação de mulheres em cargos eletivos tenha aumentado ligeiramente nas últimas eleições – mas permanecendo ainda uma gritante sub-representação –, verifica-se um retrocesso quanto às oportunidades de uma participação mais ativa, recorrentemente barradas por vozes que refletem uma cultura ainda patriarcal e sexista”, analisa Helio Gastaldi, diretor de Public Affairs da Ipsos no Brasil.

O governo Bolsonaro registrou, por exemplo, o menor investimento em programas de políticas para as mulheres desde 2015. Atualmente, a Secretaria de Políticas Nacionais para Mulheres é vinculada ao Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, sob o comando da ministra Damares Alves. Outro episódio emblemático da tentativa de frear os avanços das mulheres na política brasileira foi o golpe sofrido em 2016 pela presidenta Dilma Rousseff, responsável por seu impeachment.

Ainda em relação às perguntas do levantamento, 83% dos entrevistados brasileiros disseram concordar que, para resolver os desafios globais, o mundo precisa de líderes fortes, e 81% afirmaram que eles deveriam ser substituídos regularmente para que não se tornem poderosos demais. A média mundial, nessas duas respostas, foi de 80% e 75%, respectivamente. A pesquisa on-line foi realizada com 19.514 entrevistados com idades entre 16 e 74 anos em 28 países, sendo aproximadamente 1000 entrevistados no Brasil. A margem de erro para o Brasil é de 3,5 pontos percentuais.