EXCLUSIVO: Tatuadora fala do terror ao ser espancada pelo namorado nos EUA

Isis Muniz detalhou com exclusividade à Fórum as graves agressões cometidas pelo então namorado canadense durante uma viagem do casal a Las Vegas, no último final de semana. Ela já voltou para casa, mas segue com medo

Isis Muniz (redes sociais) e Sebastian Pawelczuk (LinkedIn) (Montagem)
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A tatuadora capixaba Isis Muniz, de 25 anos, tem vivido dias de terror desde o último final de semana. Ela concedeu uma entrevista exclusiva à Fórum, falando de Toronto, no Canadá, e contou detalhes sobre o episódio em que sofreu agressões graves do namorado (agora ex) Sebastian Pawelczuk, que é canadense e tem a mesma idade da vítima. O caso ocorreu em Las Vegas, nos EUA, durante uma estadia do casal num hotel da cidade que é famosa por seus cassinos e casas de espetáculos. Isis, que está muito amedrontada e teme represálias, não quis revelar o nome do acusado. A identidade dele foi obtida pela reportagem da Fórum por meio de outras fontes e através de dados públicos no site da Corte de Justiça de Las Vegas.

"Eu e o meu agora ex-namorado estávamos fazendo uma viagem a Las Vegas, porque ele foi pra lá a trabalho, tava tendo uma convenção da empresa dele lá. Eu estava indo a Miami na sequência, com ele, após Las Vegas, pra passear. Era pra gente se divertir. Eu queria conhecer Las Vegas, então eu fui acompanhá-lo nessa semana que era de trabalho pra ele, e depois nós iríamos à Flórida, pra Miami. Eu iria uns dias antes, depois ele me encontraria", explicou Isis, que ainda parece muito assustada.

As agressões ocorreram no sábado (7), naquele que era para ser o último dia de viagem da vítima em Las Vegas, já que ela embarcaria na manhã seguinte para a Flórida. A jovem tatuadora contou como começou o desentendimento que levou Pawelczuk a agredi-la covardemente, deixando múltiplas lesões por todo seu corpo.

"A gente estava hospedado num hotel chamado Harrah's e o chefe dele estava hospedado num hotel mais chique, chamado The Venetian. O chefe dele nos deu o cartão do hotel chique pra que a gente fosse curtir a piscina de lá juntos. Nós fomos e tomamos alguns drinks e tal. Aí, o que eu me recordo na sequência, é que eu fui andando em direção ao prédio deste hotel e entrei num corredor. Foi aí que a segurança me abordou, sem nenhum motivo, a não ser o fato de eu ter entrado caminhando ali sem ser hóspede. Eles foram fazendo várias perguntas, enfim. Aí me encaminharam para uma sala e até me algemaram e tenho certeza que isso ocorreu por puro preconceito, porque eu tenho o corpo todo tatuado e havia bebido. Eu fiquei apavorada e pedi para que chamassem meu namorado ou o chefe dele, porque eu não havia feito coisa alguma e nem estava entendendo porque tinha sido detida", contou a profissional, que faz tatuagens há um ano e meio no Canadá, onde está em condições legais e mantém visto de trabalho regular para sua atividade.

Isis relatou que algum tempo depois foi liberada pelos seguranças do hotel, como se nada tivesse acontecido, mas que ao sair da sala onde a mantiveram já encontrou Pawelczuk com seu chefe, do lado de fora, o que a fez deduzir que eles realmente tinham sido informados pelos funcionários do estabelecimento sobre sua detenção, provavelmente por ter entrado numa área que não era liberada para não hóspedes.

"Pouco tempo depois eu fui liberada e quando saí dessa sala onde me puseram eu encontrei logo de cara o meu ex-namorado e o chefe dele. Na hora eu notei que ele achou que esse episódio poderia prejudicar ele no trabalho. Nós saímos de lá e voltamos pro nosso hotel, o Harrah's, e logo que entramos no quarto ele já começou a me xingar muito e a agir com muita agressividade, falando 'sua filha da puta', 'desgraçada' e 'você é uma vadia'. Nessa hora ele já começou a me espancar", conta abalada.

A jovem brasileira relata que pensou que ia morrer, porque via muito sangue saindo de sua boca e nariz. Foi a uma reação por sobrevivência que ela atribuiu o êxito em sair do quarto e fugir para a recepção do Harrah's.

"Num determinado momento, eu não sei como, eu consegui me desvencilhar dele e saí correndo para o saguão do hotel, sangrando muito. O pessoal do hotel ajudou a me limpar, eu tava ensanguentada, toda. Aí eles queriam me levar para o hospital, mas eu argumentei que tinha uma passagem aérea pra Miami já no dia seguinte e os convenci a não ir receber atendimento no hospital de Las Vegas, porque naquela hora eu só queria sair de lá, eu estava com muito medo. Eles me acompanharam até o quarto, que tava todo sujo de sangue, tudo quebrado, esperaram eu pegar minhas coisas, me colocaram num Uber e eu fui direto pro aeroporto, para voar logo pra Miami e sair dali", explicou.

A vítima conta que não entendeu exatamente como Pawelczuk foi parar na delegacia, mas supõe que os funcionários do hotel acionaram as autoridades policiais de Nevada para prendê-lo e prestar depoimento. O agressor ficou menos de 24 horas detido e conseguiu sua liberação por meio de uma decisão judicial, junto com uma medida restritiva determinando que ele mantivesse distância de Isis e não entrasse em contato com ela de forma alguma, nem por meios eletrônicos.

As agressões, graves e que se estenderam por todo o corpo, produziram uma fratura em seu nariz, cortes no rosto e nos lábios, lesões nos olhos, orelhas e no pescoço, várias escoriações, hematomas e uma suspeita de traumatismo craniano. A tatuadora precisará realizar ainda exames de ressonância e tomografia, já que vem apresentando lapsos de memória e outros sintomas neurológicos. Ela também tem sentido, além de muitas dores, sintomas gástricos, intestinais e insônia.

Já em Miami, a brasileira conta que foi ao hospital e fez vários exames. Lá ficou sabendo que precisará de duas cirurgias plásticas no rosto por conta da gravidade das lesões. Quando tentou descansar um pouco, momentos após retornar ao hotel da Flórida, veio a surpresa aterrorizante: Pawelczuk começou a enviar mensagens a ela, dizendo inclusive que iria processá-la por ter denunciado as agressões. Na visão dele, Isis estava exagerando e o ocorrido não teria sido nada de mais. Ele chegou a enviar uma foto na qual aparece uma marca de dentes em seu peito. A tatuadora diz que não lembra com precisão dos detalhes de cada segundo de terror que viveu no quarto de hotel em Las Vegas, mas crê que a mordida pode ter sido uma reação sua em legítima defesa, diante de agressões tão brutais.

"Confesso mesmo que não me recordo, mas acho bem possível que o tenha mordido… Eu estava lavada de sangue e sendo espancada, achei que fosse morrer. Se eu reagi, foi para sobreviver, oras!", indignou-se.

"Eu acordei com ele me mandando mensagem mesmo com a ordem de restrição que ele recebeu do juiz em Las Vegas. Eu chamei a polícia de Miami pra avisar que ele tinha quebrado a ordem judicial, mas como eu não tinha a minha cópia da ordem de restrição, porque saí correndo de Las Vegas, os policiais falaram que não poderiam fazer nada", lembrou Isis, que ficou ainda mais preocupada com a negativa dos policiais de Miami em ajudá-la, por razões burocráticas.

Ela precisou constituir uma advogada em Las Vegas para que o caso fosse levado adiante, mas diz que, pelo que pôde compreender, a acusação contra Pawelczuk teria sido retirada pelo magistrado norte-americano, embora admita que não entende direito como funcionam os trâmites desse tipo de crime nos EUA. Isis tenta agora levar o caso às autoridades do Canadá, onde ela e o acusado moram, mas foi alertada por policiais locais que não será fácil, já que o fato ocorreu em um país estrangeiro e a Justiça canadense vê o episódio como algo fora da sua jurisdição.

"Eu não consegui compreender direito o que aconteceu lá na corte de Las Vegas, mas que me foi dito é que ele ficou preso por menos de 24 horas e que o juiz teria tirado as acusações que pesavam contra ele. Eu não sei como isso é possível, nem o que ele falou, mas enfim. Agora eu estou tentando trazer o caso para cá (para o Canadá), porque sei que as leis aqui pra esse tipo de crime são muito severas e duras", planeja a tatuadora.

Depois que voltou para Toronto, no domingo (8), Isis já fez duas sessões emergenciais com uma psicóloga, que afirmou que a brasileira está sofrendo com um intenso processo de estresse pós-traumático, que pode se tornar crônico. Ela relata que checa a porta e as janelas o tempo todo e que não consegue mais comer, dormir e parar de lembrar das cenas de violência que sofreu.

Histórico de violência

Isis contou que namorava com Pawelczuk havia quase um ano, faltando poucos dias para comemorarem a data. No entanto, ela disse que sempre ficou incomodada com o comportamento do companheiro, que gostava de se mostrar hostil e de arrumar confusão. O acusado teria inclusive agredido o próprio cachorro algumas vezes, o que gerou brigas entre o casal.

"A gente namorava ia completar um ano agora e ele sempre foi um sujeito muito agressivo e explosivo, mas nunca havia me agredido. Gritava, explodia por tudo, xingava pessoas na rua. Mas aí você pode me perguntar: por que você não saía disso? Então, eu não sei… Acho que porque ele explodia, xingava, mas depois me tratava bem, me mandava flores, dizia que me amava. Logo depois ele voltava com essa agressividade ou então com zero empatia, me ignorava. Ele sempre se gabou de ser um cara encrenqueiro, que arrumava confusão na adolescência. Ele e um irmão, que é militar, é do Exército Canadense. Acho que o pai deles também era militar. No início do nosso relacionamento ele espancava o cachorro dele e a gente brigou muito por causa disso, até que ele parasse de agir assim", conclui Isis, que segue agora com os tratamentos médicos recomendados, que envolvem oito remédios diferentes e futuras sessões de fisioterapia por conta das lesões no rosto, costelas e costas, enquanto aguarda as cirurgias plásticas corretivas às quais será submetida.

Informações do site da Corte de Justiça de Las Vegas, Nevada, EUA.
Medicamentos usados por Isis

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