ALVO DE ATAQUES

Sâmia Bomfim: Não há contradição entre ser mãe e defender legalização do aborto

Deputada do PSOL vem sendo atacada por militantes antiaborto após postar foto amamentando bebê de 8 meses; "É gravíssimo e mostra a perversidade daqueles que depois dizem defender criança para pedir voto"

Sâmia Bomfim e seu filho Hugo.Créditos: Reprodução/Instagram
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Em meio ao debate sobre a decisão da Corte Constitucional da Colômbia, que descriminalizou o aborto até a 24ª semana de gestação, a deputada federal Sâmia Bomfim (PSOL-SP) vem sendo, junto ao seu bebê de 8 meses, alvo de ataques nas redes promovidos por bolsonaristas e militantes antiaborto. 

Recentemente, a parlamentar postou uma foto em que aparece amamentando seu filho Hugo, o que motivou uma série de comentários violentos contra ela e o bebê. As ofensas são baixas: desde pessoas afirmando que Sâmia defende o "assassinato de crianças" até publicações dizendo que "esta criança não deveria estar aí", tentando apontar uma suposta contradição entre a parlamentar ser mãe e defender a descriminalização do aborto. 

À Fórum, Sâmia Bomfim disse que, desde antes de seu filho nascer, já recebia ataques do tipo. "Na verdade a contradição é toda deles quando mostram que são capazes de todo tipo de crueldade, inclusive de difamar, atacar, fazer montagens, distorções e efetivamente desejar o mal pra um bebê de 8 meses", afirma. 

Segundo a deputada, "não há contradição alguma" entre ser mãe e defender o direito de escolha da interrupção da gravidez. "Estamos falando do direito a escolher e exercer a maternidade com plenitude. Quando a gente fala na legalização do aborto a gente não fala de uma imposição para o conjunto das mulheres, mas que seja fruto de uma escolha, de um planejamento familiar e reprodutivo. Que ela esteja completamente consciente das possibilidades que ela tem levando ou não a gravidez adiante para que isso se efetive", declara a parlamentar. 

"Vários países do mundo têm o aborto legal justamente porque não colocam na chave moral, mas na chave da saúde pública, porque é disso que se trata, inclusive no Brasil, considerando que muitas mulheres morrem por recorrerem a abortos clandestinos, em sua maioria mulheres negras e mulheres pobres. Isso tem impacto na rede de saúde, para as famílias. É da saúde e da vida das mulheres que estamos falando quando falamos de legalização do aborto", prossegue. 

A deputada adiantou que está reunindo prints dos ataques que está sofrendo e vai encaminhá-los a Justiça para que medidas legais sejam tomadas contra os autores. 

Amamentação 

A maior parte dos ataques direcionados a Sâmia e seu bebê foram expostos em uma foto em que aparece amamentando seu filho. - o que torna o fato "ainda mais grave", segundo a parlamentar. 

"Existe uma forma de sexualização de um ato que na verdade é um ato de amor, nutrição, acolhimento, é uma troca de cuidado entre mãe e filho. Aqueles que tentam fazer essa foto ganhar um outro significado, inclusive sexualizando ou distorcendo, precisam procurar algum tipo de tratamento ou precisam se retratar porque estão ofendendo aquilo que é um gesto de amor e cuidado", declara. 

"É gravíssimo, mas mostra a perversidade daqueles que depois dizem defender criança para pedir voto", conclui a deputada.