A cada 10 minutos, uma mulher ou menina é vítima de feminicídio pelo seu parceiro ou familiar, de acordo com o último levantamento divulgado pela Organização das Nações Unidas (ONU) para Mulheres, nesta segunda-feira (25), Dia Internacional para a Eliminação da Violência contra as Mulheres.
De acordo com o relatório, 85 mil mulheres e meninas foram mortas intencionalmente em 2023 no mundo. Desse total, 60% foram feminicídios cometidos por um parceiro íntimo ou um membro da família. Isso equivale a 140 mulheres e meninas mortas todos os dias por seus parceiros ou parentes próximos, o que representa uma mulher ou menina assassinada a cada 10 minutos.
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Naquele ano, a África liderou como o continente que mais concentrou feminicídios relacionados a parceiros íntimos e familiares. Em seguida, aparecem as Americas e a Oceania. Na Europa e nas Américas, a maioria das mulheres assassinadas no ambiente doméstico (64% e 58%, respectivamente) foi vítima de parceiro íntimo, enquanto em outras regiões os principais agressores foram membros da família.
Sima Bahous, diretora executiva da ONU Mulheres, destaca que a violência contra mulheres e meninas não é inevitável, e sim prevenível.
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"Precisamos de legislação robusta, coleta de dados aprimorada, maior responsabilidade governamental, uma cultura de tolerância zero e mais financiamento para organizações de direitos das mulheres e órgãos institucionais", afirma ela.
"À medida que nos aproximamos do 30º aniversário da Declaração e Plataforma de Ação de Pequim em 2025, é hora de líderes mundiais se UNIR e agir com urgência, renovar compromissos e direcionar os recursos necessários para acabar com essa crise de uma vez por todas“, acrescenta a diretora.
Ghada Waly, Diretora Executiva do UNODC, afirma que "o novo relatório sobre feminicídios destaca a necessidade urgente de sistemas de justiça criminal eficazes que responsabilizem os perpetradores, ao mesmo tempo em que garantam apoio adequado para as sobreviventes, incluindo acesso a mecanismos seguros e transparentes de denúncia“.
Ela também defende que, ao mesmo tempo, é preciso "confrontar e desmantelar os preconceitos de gênero, os desequilíbrios de poder e as normas prejudiciais que perpetuam a violência contra as mulheres".
Ana Carolina Querino, representante Interina de ONU Mulheres no Brasil, explica que nenhum país está livre do feminicídio e, por isso, o trabalho da organização "tem foco em buscar e compartilhar práticas promissoras que possibilitem real impacto na vida das mulheres e meninas".
"O primeiro passo é garantir acesso à informação como direito humano primordial. Conhecer seus direitos, saber como exercê-los e onde buscar apoio em situações de violência", afirma.
“Transformar normas sociais que criam as condições de tolerância para a violência, principalmente aquelas ligadas à organização social do patriarcado e assimetrias de poder com base no gênero, também é absolutamente indispensável”, completa a representante.
21 dias de ativismo
No mês de novembro, é sempre lançada a campanha 21 Dias de Ativismo pelo Fim da Violência Contra a Mulher. Neste ano, em que é celebrado o 25º aniversário do Dia Internacional para a Eliminação da Violência contra as Mulheres, a ONU pedirá a revitalização de compromissos e exigirá responsabilidade e ação por parte de tomadores de decisão.
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