Marcos Cesar Danhoni Neves: As referências de Moro ou de como o fascismo devora a si próprio

"Com a eleição fraudulenta de Jair Messias Bolsonaro e com a indicação ao cargo de Ministro da Justiça ficou cristalina todas as manipulações de um Juiz que é, tout court et sourtout, um fascista de carteirinha"

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Por Marcos Cesar Danhoni Neves Venho acompanhando há muitos anos a trajetória de Sergio Fernando Moro, o Juiz da 13ª Vara de Curitiba que eles amam chamar de o “ground zero” da “República de Curitiba”. Só por este viés, podemos notar que este Juiz retrocedeu à Idade Média, com a ideia de que possa existir, no presente, a noção de “Cidade-Estado”. Pois bem, após analisar a sentença de Moro que condenou Lula sem provas, mencionando um “crime” como “atos de ofício indeterminados”, e após os relatos tanto do MTST, que um mês após a sentença ocupou momentaneamente o famoso “triplex” não encontrando lá nenhuma reforma milionária, nenhum mobiliamento suntuoso e sequer um elevador exclusivo e privativo (que iria do térreo até o apartamento), quanto de uma pessoa que se inscreveu como provável compradora do imóvel, é inevitável constatar que Sérgio Moro mentiu, prevaricou, manipulou e cooptou provas e testemunhas! E não sou somente eu a ter chegado à esta conclusão! Antes de mim, eminentes juristas, advogados, desembargadores e mesmo a ONU provaram o caráter persecutório e injusto de uma condenação sem prova alguma. Agora, com a eleição fraudulenta de Jair Messias Bolsonaro, que venceu o pleito popular pelo uso desmedido de CAIXA 2 (mais de 150 empresários envolvidos na compra de serviços de impulsionamento de notícias falsas – “fake News” – por whatsapp), e com a indicação do Juiz ao cargo de Ministro da Justiça ficou cristalina todas as manipulações de um Juiz que é, tout court et sourtout, um fascista de carteirinha! Moro aceitou rapidamente o convite porque este sempre foi o seu desejo (não o principal, porque o principal reside na condução do país como Presidente da República). Escrevi várias vezes que esse Juiz é a soma das vontades de seu pai, um professor extremamente reacionário que hoje, se vivo fosse, estaria professando o indecoroso projeto do “Escola sem Partido” e de sua esposinha, que é a verdadeira impulsionadora das ganâncias de Moro, e envolvida até o pescoço com as maracutaias reveladas por Tacla Durán (conforme depoimento à uma CPI do Congresso, mas desprezada pelo Poder Público). Havia escrito que, baseado nas sentenças e palestras proferidas pelo Juiz e por seu fiel escudeiro, Deltan Dallagnol, que, se fossem meus orientandos de Mestrado ou Doutorado, eu os teria reprovado por insuficiência de rendimento, uso de argumentos pobres, falta de embasamento lógico e citações deslocadas e estranhas ao contexto do mundo jurídico que eles deviam habitar. Moro hoje diz que sua inspiração é o Juiz do pool antimáfia Giovanni Falcone, vítima de um atentado na estrada de Capace, na Sicília, Itália, quando teve seu carro explodido levando-lhe à morte, assim como de sua esposa e da escolta policial. Mentira!!!! Moro em palestras (sempre bem pagas!) e em entrevistas sempre citou frases, mas não de juristas, filósofos, historiadores renomados, mas de personagens de filmes norte-americanos: “Homem Aranha”, “Batman”, “O Poderoso Chefão”. Já disse e vou repetir: Moro é um jacu de Maringá entusiasmado com a fama da Lava-Jato e embasbacado pelo puxa-saquismo da imprensa que ele deu de alimentar com seus vazamentos seletivos criminosos. Moro é vítima da soberba! Esse Juiz nunca leu nenhuma bibliografia que prestasse além daquela do mundo de manuais jurídicos com silogismos grosseiros e construídos à “luz” de algoritmos positivistas e pobres de uma verdadeira hermenêutica. E, óbvio, deve ter lido gibis da Marvel buscando “verdades” tão profundas quanto uma poça de água deixada por uma chuva breve. Relembrando:
  1. "Quanto maior o poder, maior a responsabilidade"...
  2. “A noite é sempre mais escura antes do amanhecer” ...
  3. “Em casos envolvendo corrupção sistêmica pode ser muito difícil identificar, porque talvez não exista uma contrapartida específica que o agente público oferece ou realiza em troca de uma vantagem financeira” ...
(in: https://noticias.uol.com.br/politica/listas/de-batman-a-franklin-roosevelt-quais-sao-as-inspiracoes-de-sergio-moro.htm) Quem disser que as frases 1, 2 e 3 foram ditas por Hegel, Joseph Conrad e Giovanni Falcone, errou redondamente. O correto (e surpreendente!) é que elas foram ditas, respectivamente, por: Homem-Aranha, Batman e Dom Corleone (do “O Poderoso Chefão”). Se buscarmos pelos discursos, palestras e entrevistas do Juiz, notamos que essas referências são uma constante no discurso pobre e miserável de Sérgio Moro. Talvez, cansado de repetir a mesma cantilena, Moro decidiu dizer que sua inspiração era o juiz da operação Mani Pulite (“Mãos Limpas”), Antonio Di Pietro, que destruiu todos os partidos políticos na Itália e fez emergir a lúgubre figura de Silvio Berlusconi (que empregou em um de seus haras Giovanni Brusca, o mafioso que apertou o detonador dos explosivos que explodiram 500 metros da estrada de Capace, matando o juiz Giovanni Falcone) como Primeiro-Ministro italiano e que ficou no poder pelos dez anos seguintes às decisões do Juiz Di Pietro (coisa que nunca havia ocorrido antes, pois o Parlamento italiano nunca resistia há mais de um ano de mandato). Depois de ser confrontado com a figura de Di Pietro que acabou se estiolando como político após deixar a Magistratura, Moro passou a dizer que agora sua “inspiração” é o Juiz-mártire Giovanni Falcone. Moro, obviamente nada sabe de História, nada sabe de Filosofia, nada sabe de Jurisprudência, como eu apontei inúmeras vezes analisando tanto sua obra (paupérrima!) e seu igualmente paupérrimo Currículo Lattes. Moro sabe somente conspirar! O plano de prender Lula e o inviabilizá-lo eleitoralmente assim como todos os vazamentos seletivos que contribuíram para o golpe que derrubou a legítima presidenta do Brasil, Dilma Roussef, atestam o caráter conspiratório desta lúgubre figura da finada República Democrática brasileira. Moro aliou-se ao tirano que ele ajudou a criar: Jair Bolsonaro. Talvez, se assistiu a algum documentário de Arte, Moro pense que é uma espécie de Leonardo da Vinci a trabalhar para o tirano Sforza. Nem uma coisa, nem outra: Moro não é o gênio “Leonardo”, nem Bolsonaro o Duque Lodovico Sforza. Mas Moro, em seu novo ofício, o de “político conspirador”, tenderá mais a um Ciano e Bolsonaro mais a um Mussolini. Como sabemos, Ciano era o genro do ditador fascista Benito Mussolini. Ciano, tentando encontrar alguma saída racional, evitando a aliança Itália-Alemanha na 2ª Guerra Mundial, foi acusado pelo Duce de traição e fuzilado por sua guarda fascista. Moro rapidamente, em futuro muito próximo, perceberá o erro grosseiro, que foi largar a Magistratura para habitar a corte fascista que destruiu a democracia no Brasil. Mas aí já será tarde: cairá, como Ciano, na vala comum em que caíram todos os brasileiros que não compacturaram com Jair Bolsonaro e sua gang fascista!   Marcos Cesar Danhoni Neves é Professor Titular da Universidade Estadual de Maringá e autor do livro “Lições da Escuridão” entre outras obras.