Policial civil transexual e gay manifesta apoio ao soldado da PM vítima de vídeo com beijo vazado na web

"Não posso me calar ou me omitir. Não quero", escreveu o rapaz

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O investigador da Polícia Civil Paulo Vaz manifestou, no Instagram, solidariedade ao policial militar Leandro Prior, vítima do vazamento de um vídeo em que beijava um amigo no metrô de São Paulo. No texto publicado na rede social, o policial civil diz que tomou a iniciativa ao perceber a ausência de manifestações públicas de apoio ao soldado por colegas de profissão. "Não posso me calar ou me omitir. Não quero", escreveu o rapaz. Paulo ficou mais conhecido do público LGBTI depois que começou a namorar o roteirista Pedro HMC, criador do canal Põe na Roda. O casal tornou público o relacionamento há um mês em um vídeo no Youtube visto por mais de 300 mil pessoas. Ao longo do texto, o investigador afirma que encontrou respaldo da Polícia Civil para visibilizar sua identidade de gênero e orientação sexual. "Eu mesmo me surpreendi algumas vezes quando achei que seria muito mais difícil pela minha condição, e acabei encontrando dentro da corporação muitas pessoas boas, bem intencionadas e que exercem respeito e tolerância", disse o rapaz. A mesma sorte não teve o soldado da PM, que passou a receber ameaças de morte de colegas de farda desde que o vídeo viralizou na web. A Polícia Militar abriu investigação contra Leandro Prior por ver "postura incompatível". A alegação da corporação é que o coldre, acessório para o porte da arma, estava aberto. "Todo mundo usa o coldre dessa forma, isso é uma hipocrisia", disse Prior em entrevista à Revista Fórum. Leia na íntegra o texto de apoio do policial trans ao soldado da PM Eu, como investigador da Polícia Civil do Estado de São Paulo, Homem Trans e Gay, gostaria de demonstrar o meu apoio não apenas ao PM Leandro, mas todos os LGBTs que estão nas corporações policiais: vocês não estão sozinhos. Vendo seu depoimento e a falta de apoio mesmo com tantos colegas de profissão que vivem a mesma situação, mas nada dizem pelo mesmo medo que atinge todos nós, pensei muito e cheguei a conclusão de que não posso me calar ou me omitir. Não quero. Porque se fosse comigo (ou qualquer outro), eu também me sentiria ajudado e fortalecido com esta demonstração. Infelizmente ainda vivemos em uma sociedade onde a homofobia e transfobia predominam, estão enraizadas. Mas não é pra isso que estamos aqui? Para servir e ajudar o mundo a evoluir? Me orgulho de ser quem sou e de cada um de vocês que ajudam a quebrar as barreiras do preconceito. Não desistam dos seus ideais, não desistam dos seus sonhos. Estamos aqui. Juntos, existimos e resistimos, e com nossos esforços, tempos melhores virão. Tempos em que a orientação sexual, a etnia, a classe social, a religião, a cor, a identidade de gênero não vai importar, mas sim o caráter, a capacidade, coração e índole de cada um, não só na Polícia mas na sociedade como um todo. Gostaria de aproveitar e agradecer à Polícia Civil do Estado de São Paulo e a Acadepol por sempre ter sido bem recebido e tratado com respeito, principalmente por colegas de profissão e professores, todos até hoje, e que assim continue sendo. Eu mesmo me surpreendi algumas vezes quando achei que seria muito mais difícil pela minha condição, e acabei encontrando dentro da corporação muitas pessoas boas, bem intencionadas e que exercem respeito e tolerância, a maioria ao contrário do que acaba parecendo quando algum preconceituoso se exalta e acaba afetando a imagem de toda uma corporação. Como todos juramos ao escolher esta profissão, acima de tudo, estamos aqui pra defender a vida. Muito obrigado.