Petroleiros decretam estado de greve contra ameaça de privatização da Petrobras

“Vamos responder à altura e faremos de tudo para proteger os ativos que ainda pertencem à estatal”, diz Deyvid Bacelar, coordenador-geral da Federação Única dos Petroleiros

Foto: FUP
Escrito en NOTÍCIAS el

A Federação Única dos Petroleiros (FUP) e seus sindicatos filiados decidiram terminar 2021 em estado de greve nacional. O protesto dos trabalhadores é contra as ameaças que o governo Bolsonaro (PL) vem fazendo a respeito de um possível projeto de privatização da Petrobras.

A medida foi aprovada por ampla maioria da categoria petroleira, nas assembleias realizadas até esta quarta-feira (22), em todo o Brasil.

Bolsonaro chegou a declarar à imprensa que o projeto está sendo construído em parceria com o ministro da Economia, Paulo Guedes, e com o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL).

“Isso significa que, caso o presidente Jair Bolsonaro tenha a audácia de apresentar no Congresso Nacional o projeto de lei que prevê a venda da estatal, a realização de uma das mais fortes greves da história do setor já está sinalizada”, declara Deyvid Bacelar, coordenador-geral da FUP.

Ele prevê um movimento bem semelhante às duas maiores greves dos trabalhadores, em 1995 e 2020.

Bacelar assegura que a FUP e seus sindicatos jamais vão aceitar calados o projeto de privatização. “A Petrobras está sendo esquartejada e, enquanto isso, o povo ainda paga preços exorbitantes pelos combustíveis”, destaca.

O sindicalista ressalta que, no dia 30 de novembro, a Petrobras concluiu a venda da Refinaria Landulpho Alves (RLAM), na Bahia, para o fundo Mubadala, por US$ 1,65 bilhão, “valor cerca de 50% inferior em comparação com os cálculos estimados pelo Instituto de Estudos Estratégicos de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (Ineep)”.

Em 2021, também foram assinados contratos para venda da Refinaria Isaac Sabbá (Reman), no Amazonas, e da Unidade de Industrialização do Xisto (SIX), no Paraná.

“Vamos responder à altura e faremos de tudo para proteger os ativos que ainda pertencem à estatal”, acrescenta Bacelar.

Governo Bolsonaro é responsável por 76% dos ativos da Petrobras privatizados

Segundo levantamento do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), de março de 2015 até novembro de 2021, a Petrobras se desfez de 78 ativos, sendo 70 no Brasil e oito no exterior. Desse montante, 76% foram vendidos durante o governo Bolsonaro, com o total de R$ 152 bilhões.

“Esses dados refletem a disposição do atual governo de destruir a Petrobras, patrimônio dos brasileiros, a preço de banana”, critica o coordenador da FUP.