À beira do colapso, Doria anuncia novas restrições, mas mantém escolas abertas

Decisão da Justiça veta aulas presenciais, mas governo anunciou que vai recorrer da decisão; campeonato paulista deve ser suspenso

Foto: Reprodução/PebMed
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O governador do estado de São Paulo, João Doria (PSDB), deve anunciar nesta quarta-feira (10) medidas ainda mais rígidas para conter o avanço da pandemia. Entre as medidas podem estar presentes até mesmo a restrição funcionamento dos serviços essenciais (supermercados e farmácias), porém, as aulas presenciais permanecem.

A decisão do governo de restringir ainda mais a locomoção das pessoas vem diante do quadro de quase colapso do sistema de saúde paulista. O campeonato paulista deve ser suspenso, seguindo recomendação do procurador-geral de Justiça, Mario Sarrubo, que também sugeriu a suspensão de atividades religiosas.

Porém, mesmo diante do avanço do coronavírus em São Paulo, o governo Doria insiste em manter as escolas funcionando de maneira presencial, que neste momento podem receber até 35% da capacidade total.

O Tribunal de Justiça determinou, nesta terça-feira (10), que professores e outros servidores não podem ser convocados para atividades presenciais. O governo Doria deve recorrer dessa decisão, ou seja, para que as escolas que sejam mantidas abertas.

Cabe lembrar, que o próprio secretário estadual de Saúde do governo de João Doria, Jean Gorinchteyn, afirmou que manter as escolas abertas só ajudaria "a propagar o vírus", isso por conta da circulação de estudantes, professores e de trabalhadores da educação como um todo.

De acordo com o monitor do Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo (Apeoesp), que acompanha os casos de Covid-19 na rede estadual de ensino, até este momento já foram registrados 2190 casos em 994 escolas.

Sistema de saúde colapsado

A situação do sistema de Saúde, público e privado, pode ser muito pior do que aquilo que está sendo divulgado. De acordo com informações obtidas pela Fórum, em menos de 10 dias o sistema da Saúde saiu de 700 internados, no prazo de 10 dias, para 1.065, 30% acima do pico prévio.

De acordo com os dados, o estado de São Paulo já não possui mais capacidade para internações em UTI. O caso mais grave é na capital paulista, pois, acaba por absorver casos do interior, regiões que possuem estrutura deficitária de hospitais.

Estão sendo internado, em média, 2200 pessoas por dia com Covid-19 no estado de São Paulo. Campinas, Sorocaba e Bauru já estão com o sistema colapsado. Porém, todas as regionais seguem com um quadro de piora constante.

Já há relatos de que alguns hospitais, privados e públicos, estão realizando intubação ne enfermaria, ventilação mecânica no Pronto Socorro (PS) por tempo prolongado e as novas UTIs que estão sendo abertas, estão sendo ocupadas em tempo recorde.

Outro fato que se repete, dentro e fora de São Paulo, é a mudança do perfil dos pacientes com Covid-19: muitos jovens sem comorbidades que dão entrada nos hospitais em estado grave e, para piorar ainda mais o quadro: falta mão de obra, equipamento e estão sobrando pessoas à espera de um leito por UTI.

Os dados oficiais sobre a pandemia confirmam os relatos acima: São Paulo, nas últimas 24h, foi a região com o maior número de mortes e bateu recorde de óbitos, com 517 vítimas da Covid-19. Assim, o estado soma 62.101 mortes em um ano de pandemia.

É partir desse quadro que o Centro de Contingência urge para que medidas ainda mais restritivas sejam adotadas, pois, o estado não consegue abrir em tempo útil novos leitos de UTI. O governo Doria prevê a abertura de 780 novos leitos de UTI até o fim de março.

Em algumas regiões, pacientes já estão vindo à óbito na fila por uma UTI: em Taboão da Serra (SP) 11 pessoas morreram na fila.

Brasil bate recorde dos recordes e registra quase 2 mil mortes por Covid em um só dia

Balanço feito pelo Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass) nesta terça-feira (9) mostra que as últimas 24 horas foram as mais mortais desde o início da crise sanitária. Foram registrados 1.972 novos óbitos em decorrência da Covid-19, recorde de registros em um dia. Com essas novas mortes, o país atinge a marca macabra de 268.370 óbitos acumulados.

Além das mortes, foram confirmados nas últimas 24 horas 70.764 novas infecções, o que totaliza, desde o início da pandemia, 11.122.429 casos acumulados.