Celebrando o Cotidiano da Diversidade na Cidade Tiradentes

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Ontem eu estive em um papo aberto com alunos da Escola Municipal de Ensino Fundamental - EMEF Mauricio Goulart, no bairro Cidade Tiradentes da cidade de São Paulo. A atividade faz parte do terceiro dia do "Encontro Cultural: Celebrando o Cotidiano da Diversidade" que reúne a comunidade de pais, alunos, professores e equipe da escola ao longo dessa primeira semana de novembro de 2016. Cheguei na Escola por volta das 14h e me deparei com o pátio lotado de crianças e adolescentes atentos a apresentação do repentista Costa Senna. A programação de ontem também incluiu os convidados: Akins Kintê, o escritor Sacolinha e o Poeta  Zé Alencar, além de uma feira de troca de livros. Toda a Escola foi adornada com verdadeiras obras de arte feitas pelos alunos. E  instalações artísticas culturais como: "Meu Turbante, Minha Coroa", que tem fotos de alunas e alunos usando turbantes; e "Lugar de Mulher é Aonde Ela Quiser", que reúne propagandas machistas, postagens de denúncia de violência contra a mulher e fotos de grandes personalidades acompanhadas pela biografia dessas mulheres. A instalação foi realizada pela professora de história Bárbara Soares de Barros, pela professora de Ciências: Juliana de Medeiros e seus alunos. [caption id="attachment_11" align="aligncenter" width="3264"] Instalação realizada pelas professoras Bárbara e Juliana com os seus alunos na escola Mauricio Goulart.[/caption] [caption id="attachment_12" align="aligncenter" width="3264"] Mulheres que são referências históricas na luta pela igualdade de direitos.[/caption] Eu participei de um Papo Aberto na sala de leitura da Escola, com alunos de várias idades, apresentei vídeos de dois canais do Youtube: Tá Bom Pra Você e MC Soffia. Discutimos sobre a representação da população negra na mídia, sobretudo das mulheres. Uma das primeiras constatações que fiz foi sobre a percepção de que a baixa representatividade dos negros na televisão, jornais e revistas é devido ao preconceito racial, que foi apontada por uma das alunas ao discutirmos o vídeo: Comercial de farinha de trigo. O vídeo: Cabelo de Rainha, entusiasmou as meninas, que têm uma postura de auto-estima elevada, creio que essa postura seja muito incentivada pelo projeto pedagógico da escola, pois ela não é comum dentro da escola pública de um modo geral, digo isso por experiência própria devido ao racismo que eu sofri na escola, principalmente durante o ensino fundamental. Menina Pretinha, o videoclipe da MC Soffia, trouxe a discussão sobre o termo "exótico" que muitas vezes é utilizado para classificar a beleza das meninas e mulheres negras - como se a beleza de pessoas negras pertencesse a uma outra categoria. E o videoclipe Minha Rapunzel tem Dread, despertou a crítica sobre os contos de fada com princesas que geralmente são brancas, loiras e de olhos claros, bem diferentes do biotipo da maioria das meninas brasileiras, que são negras. Também questionamos o fato da vilã sempre ser uma mulher, que MC Soffia critica quando diz que: "Aqui inimiga não vai rolar" e da princesa sempre sendo uma pessoa frágil que precisa ser salva pelo príncipe encantado. E a professora Ana Souza também instigou os alunos a futuramente escreverem o seu próprio "Era uma vez", um incentivo à produção literária, valorizando as potencialidades dos estudantes. Um projeto pedagógico que respeita as diferenças e valoriza a diversidade é fundamental para aumentar a auto-estima de crianças e adolescentes, além de potencializar o olhar crítico, o empoderamento e as potencialidades de desenvolvimento dos estudantes para que eles possam contribuir positivamente à uma sociedade mais justa e mais preparada para conviver com as diferenças e buscar a equidade social.