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MULHER
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Por Flávia Biroli e Luis Felipe Miguel, do Blog do Boitempo
As reflexões produzidas pelo feminismo – numa economia expressiva, já que se trata na realidade de feminismos, no plural – colocam questões fundamentais para a análise da opressão às mulheres nas sociedades contemporâneas. Mas não é só da posição relativa das mulheres que trata a crítica feminista.
O conjunto cada vez mais volumoso dos estudos feministas expõe os limites das democracias quando estas convivem com a exploração e a marginalização de amplos contingentes da população.
Analisam, assim, mecanismos que operam para silenciar alguns grupos e suspender a validade das suas experiências – eles operam de maneira específica sobre as mulheres, mas não se reduzem a uma questão de gênero. Tratam das conexões entre o mundo da política, o mundo do trabalho e a vida doméstica cotidiana. Na produção mais recente, sobretudo, apresentam contribuições incontornáveis para o entendimento de como diferentes formas de opressão e de dominação operam de forma cruzada e sobreposta. Cada vez mais, falar da posição das mulheres é falar de como gênero, classe, raça e sexualidade, para mencionar as variáveis mais mobilizadas, situam conjuntamente os indivíduos e conformam suas alternativas.
Em sua diversidade, a produção feminista questiona a subordinação e confronta, permanentemente, discursos que se fundam na “natureza” para justificar a opressão.
A lista que apresentamos traz um conjunto (entre muitos outros possíveis) de leituras feministas que colaboram para entender o mundo contemporâneo e os desafios que enfrentamos para a construção de uma sociedade mais justa, mais igualitária e mais livre. A ordem segue de maneira aproximada a data da publicação original das obras.
- Alexandra Kollontai – Selected writings (New York: Norton, 1977).
- Simone de Beauvoir – O segundo sexo (Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2009).
- Heleith Saffioti – A mulher na sociedade de classes (São Paulo: Expressão Popular, 2013).
- Carole Pateman – O contrato sexual (Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1993).
- Bell Hooks – Feminist theory: from margin to center (Cambridge, MA: South End Press, 2000).
- Iris Marion Young – Justice and the politics of difference (Princeton: Princeton University Press, 1990).
- Christine Delphy – L’enemi principal (Paris: Syllepse, 2013).
- Carol Gilligan – Uma voz diferente (Rio de Janeiro: Rosa dos Tempos, 1990).
- Catherine A. MacKinnon – Hacia una teoría feminista del Estado (Madrid: Cátedra, 1995).
- Susan M. Okin – Justice, gender, and the family (New York: Basic Books, 1989).
- Nancy Fraser – Justice interruptus (New York: Routledge, 1997).
- Patricia Hill Collins – Black feminist thought (Boston: Hyman, 1990).