12 livros para entender a relação entre marxismo e a questão racial

Escrito en DIREITOS el
Silvio Luiz de Almeida indica 12 livros fundamentais para entender a relação entre marxismo e a questão racial, tema do dossiê coordenado por ele na nova revista da Boitempo, a Margem Esquerda Por Silvio Luiz de Almeida, no Blog da Boitempo Silvio Luiz de Almeida elaborou uma lista de 12 livros fundamentais para entender a relação tensa mas absolutamente necessária entre marxismo e a questão racial. O debate é tema do dossiê de capa coordenado por ele no novo número da revista da Boitempo, a Margem Esquerda. Nas suas palavras: “Sem a pretensão de esgotar as obras e as abordagens possíveis sobre as relações entre o marxismo e a questão racial, os textos a seguir mencionados destacam-se pela originalidade, densidade teórica ou pela importância que desempenharam em contextos revolucionários.” Saiba mais sobre a edição e confira a agenda de debates de lançamento da revista ao final deste post. 1. Black marxism: the making of black radical tradition [Marxismo negro: a construção da tradição negra radical] por Cedric Robinson University of North Carolina Press, 2000 Neste livro de grande erudição, Robinson demonstra que o pensamento e a prática revolucionária de que tanto se ocupou a teoria marxista alcançaram sua máxima expressão no que denomina de “tradição negra radical”, ou seja, nas lutas dos negros contra o colonialismo, o racismo e a superexploração capitalista. Livro essencial. 2. Os jacobinos negros: Toussaint L’Ouverture e a revolução de São Domingos por C. L. R. James São Paulo, Boitempo: 2010 C. R. L. James conta-nos a história da revolução haitiana e de seu líder maior, Toussaint L’ouverture. Aplicação magistral do materialismo histórico em que aprendemos não apenas sobre a revolução haitiana, mas também sobre como indivíduo e história se cruzam nos processos revolucionários. Uma declaração de amor à luta dos oprimidos, dos deserdados e dos injustiçados do mundo. 3. Mulheres, raça e classe por Angela Davis São Paulo: Boitempo, 2016 Com Angela Davis aprendemos que ninguém sabe melhor que as mulheres negras o significado da luta de classes. [Para quem quiser um comentário mais aprofundado, recomendamos a leitura da resenha “O marxismo de Angela Davis“, publicada na coluna de Silvio Almeida no Blog da Boitempo. N. E.] 4. Race, class and nation: ambiguous identities [Raça, classe e nação: identidades ambíguas] por Étienne Balibar e Imannuel Wallerstein London/NewYork, Verso: 2011 Livro sofisticadíssimo que, como poucos, trata dos laços estruturais entre capitalismo e racismo. Leitura obrigatória. 5. Arma da teoria: unidade e luta por Amílcar Cabral Seara Nova, 1978 Teoria e prática como dimensões inseparáveis da prática revolucionária. A fusão da caneta e do fuzil tem nome e sobrenome: Amílcar Cabral. 6. Eurocentrism por Samir Amin Monthly Review Press, 2010 O egípcio Samir Amin oferece neste texto uma seminal análise do eurocentrismo e suas raízes, fincadas no processo de expansão e exploração capitalista. Diante de duas reações possíveis ao eurocentrismo e à barbárie capitalista, quais sejam, a volta a antigas raízes culturais e religiosas – que, em geral, redundam nos fundamentalismos – ou a acomodação cultural e socioeconômica a um pretenso pluralismo, Amin convida-nos a refletir sobre uma terceira via: um “socialismo não-europeu e não-branco”. Provocação da melhor qualidade. 7. Dialética radical do Brasil negro por Clóvis Moura Anita Garibaldi, 2014 Um dos maiores intelectuais do Brasil. Homem negro, ativista e pensador convenientemente esquecido pela academia predominantemente branca. Nesta obra, a força e a coragem de Clóvis Moura encontram-se com sua grandeza intelectual. 8. Da diáspora por Stuart Hall UFMG, 2006 Hall é atualíssimo ao tratar das identidades no campo das tensões entre as práticas culturais e as estruturas socioeconômicas. Para isso, não dispensa o diálogo bastante original com os marxistas Gramsci e Althusser. 9. How Europe underveloped Africa [Como a Europa subdesenvolveu a África] por Walter Rodney African Tree Press, 2014 Um dos maiores clássicos dos estudos sobre a África, que ainda hoje exerce grande influência acadêmica e política. Para Rodney, a África não era “subdesenvolvida”; foi o capitalismo que a “subdesenvolveu”. Portanto, a ideia de “desenvolvimento” europeu é inseparável da espoliação, da destruição e da subjugação dos povos africanos. 10. Escravidão e racismo por Octávio Ianni Hucitec, 1978 Depois de ler Ianni, não é mais possível compreender o racismo sem que os 388 anos de escravidão sejam devidamente estudados. Tanto a escravidão como o racismo seriam ininteligíveis sem a compreensão do processo de reprodução capitalista. 11. Brasil em preto e branco: o passado escravista que não passou por Jacob Gorender SENAC, 2000 Quando o autor de Escravismo colonial resolve falar sobre qualquer coisa é prudente prestar atenção. Quando é sobre a relação entre racismo e a formação do capitalismo brasileiro, a atenção tem quer ser redobrada. 12. O significado do protesto negro por Florestan Fernandes Cortez, 1989 Não haverá transformação social sem que a questão racial seja tratada não apenas como algo a ser superado, mas como o combustível necessário para à ação transformadora. Nas palavras de Florestan: “A raça se configura como pólvora do paiol, o fator que em um contexto de confrontação poderá levar muito mais longe o radicalismo inerente à classe”. *** Debates de lançamento com os autores 07/12 | quarta-feira |19h Debate “Os rumos da esquerda brasileira hoje” Com Djamila Ribeiro, Rosane Borges, Dennis de Oliveira, Silvio Luiz de Almeida e Érica Malunguinho. Mediação de Luka Franca. Sala dos Estudantes da Faculdade de Direito da USP (Largo São Francisco) Organização: Juliana Borges e Luka Franca (Feministas Negras) | Apoio: Brasil de Fato e Boitempo Confira a página oficial do evento no Facebook clicando aqui. 10/12 | sábado | 10h Debate “Conjuntura nacional: Os impactos das políticas econômicas do governo Temer para a população negra” Integrando a programação do III Seminário Quilombação Com Dennis de Oliveira, Rosane Borges, Silvio Almeida, Márcio Farias, Alessandra Devulsky e Ana Tércia. Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região| Rua São Bento, 413 Realização: Rede Antirracista Quilombação, Faculdade 28 de Agosto, Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região e Instituto Luiz Gama Confira a página oficial do evento no Facebook clicando aqui. A edição A Margem Esquerda deste semestre é uma edição inteiramente temática que, além do dossiê “Marxismo e questão racial”, coordenado por Silvio Luiz de Almeida com artigos de Alessandra Devulsky, Dennis de Oliveira, Marcio Farias e Rosane Borges, abre com uma entrevista inédita com a feminista negra Sueli Carneiro e fecha com uma poesia de Muhammad Ali. E conta ainda com uma homenagem a Grace Lee Boggs, escrita por Paulo Denisar Fraga, imagens do artista plástico Flávio Cerqueira , selecionadas e apresentadas por Sergio Romagnolo, e clássicos de José Carlos Mariátegui e do Congresso Internacional Contra a Opressão Colonial e o Imperialismo, selecionados, traduzidos e apresentados por Luiz Bernardo Pericás. E mais: textos de Perry Anderson, Milton Pinheiro, Marcello Musto, Marcos Del Roio, Paulo Silveira, Haroldo Ceravolo e Angélica Lovatto.