200 anos depois, Venezuela retoma luta por independência plena

19 de abril é data de conquista da independência venezuelana. Mas, para Hugo Chávez, o processo ainda não acabou.

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19 de abril é data de conquista da independência venezuelana. Mas, para Hugo Chávez, o processo ainda não acabou.

Por Redação

Com um desfile cívico-militar, manifestações culturais e uma sessão solene da Assembleia Nacional, a Venezuela comemora, nesta segunda, 19, o bicentenário do início do seu movimento de independência, que remonta a 19 de abril de 1810. O presidente Hugo Chávez destacou, contudo, que a luta pela libertação plena ainda não acabou. Segundo ele,o país entrou em um novo ciclo, "decisivo e definitivo" de sua história, no qual se afiança a revolução socialista, a independência e a unidade dos povos.

"Agora sim é verdade que esta revolução (bolivariana) chegou para coroar a vitória. Hoje começa o ciclo decisivo e definitivo 2010-2030, que vai coroar a grande revolução", defendeu. "Celebremos (o bicentenário) com júbilo pátrio das entranhas de cada um, das entranhas da pátria. Gritemos ao mundo que estamos aqui, os filhos e filhas da queles heróis e heroínas, 200 anos depois, e em plena revolução da independência", completou.

"O Bicentenário marca o início de uma nova era para a Venezuela, que levou à conquista definitiva da independência, possibilitando a construção da pátria socialista com o impulso da consciência e da vontade do povo", afirmou ainda.

Chávez chamou militares, políticos e cidadãos a estudar a história de libertação como método para semear consciência patriótica nas futuras gerações. Em uma mensagem à nação, o presidente considerou o conhecimento sobre a história uma ferramenta de luta. "Professores, pais, líderes políticos e sociais, chefes militares: o conhecimento nos faz livres", expôs o líder socialista, que pediu para todos ensinarem os acontecimentos independentistas aos mais jovens.

Durante a mensagem transmitida em emissoras de rádio e televisão, Chávez fez um percurso pelos acontecimentos iniciados em 19 de abril de 1810, poucas horas antes das celebrações oficiais pelo Bicentenário. O presidente afirmou que a independência se deve também à "resistência indígena e dos negros e ao povo da Venezuela, que nunca desistiu".

Destacou o trabalho dos chamados “pardos”, que participaram do processo de estruturação do plano de independência, explicando que "estes soldados prenderam oficiais espanhóis e os levaram até o porto para expulsá-los do país” e em seguida propôs a criação de um monumento em homenagem a eles.

Chávez destacou a unidade conseguida há 200 anos entre militares e civis, bem como o papel realizado pelas milícias populares. "Agora nos atacam porque estamos criando as milícias. Acusam-nos de militaristas, mas, como se vê, as milícias são tão antigas como a pátria", disse.

A propósito da comemoração pátria, o estadista repetiu que o processo continua em marcha até conseguir a verdadeira independência. Ele disse em tom de alerta que “a contrarrevolução continua com a campanha de difamação contra o progresso do governo bolivariano, que há 11 anos se desenvolve com o apoio do povo venezuelano”.

Festa prestigiada

Pela manhã, estava previsto um show de fogos de artifício, que abriria as celebrações pelo fim do domínio espanhol. Em seguida, ocorreria um desfile de movimentos sociais e tropas das Força Armada Nacional Bolivariana, com participaçãode delegações militares da Bielorrússia, Líbia, Argélia, Argentina, Bolívia, Equador, Cuba, Nicarágua, entre outras nações. O desfile, que as autoridades venezuelanas disseram que será o maior da história do país, se realizará no ?Paseo de los Próceres?, sudeste de Caracas.

Na parte da tarde, na Assembléia Nacional será realizada uma sessão solene, na qual o presidente da Argentina, Cristina Fernández Kirchner, participará como oradora. Além dela, os presidentes da Bolívia, Evo Morales, de Cuba, Raul Castro, da República Dominicana, Leonel Fernandez, da Nicarágua, Daniel Ortega já chegaram a Caracas para participar como convidados das comemorações do Bicentenário da Independência da Venezuela.

Os primeiros-ministros de Antígua e Barbuda, Winston Baldwin Spencer, e da Dominica, Roosevelt Skerryt, também estão no país, para participar da 8ª Cúpula da Aliança Bolivariana para os Povos de Nossa América (Alba), que coincide com as comemorações nacionais da Venezuela. O presidente do Equador, Rafael Correa, também deve chegar ao país nas próximas horas.

O presidente cubano, Raul Castro, disse, em sua chegada a Caracas, no domingo, que estariam por realizar-se três atividades muito importantes: o Bicentenario da Independência da Venezuela, a Cúpula da Alba e o fracasso da invasão estadunidense a Cuba, na Baía dos Porcos, considerada a primeira grande derrota do imperialismo ianque.

"Estou extremamente feliz por vir para a Venezuela, porque vamos comemorar amanhã três atividades importantes - os dois séculos no local onde se iniciou o processo de independência da irmã Venezuela e de grande parte da América, também a reunião da ALBA e, em terceiro lugar, porque nesta segunda também farão 49 anos da vitória do povo cubano, sob a direção de Fidel, frente à invasão mercenária imperialista", disse o governante cubano.

Por sua vez, o presidente boliviano, Evo Morales, colocou: "Viemos aqui para celebrar o Bicentenário e prestar homenagem às grandes lutas que gestaram os heróis da Independência." Da mesma forma, na chegada em solo venezuelano, o chefe de Estado dominicano, Leonel Fernandez, ressaltou a importância da celebração.

"O 19 de abril de 1810 é um fato simbólico, emblemático de toda a América Latina, foi o início da ruptura da ordem colonial da nossa América. Viemos para acompanhar o presidente (da Venezuela, Hugo) Chávez, com outros Chefes de Estado e de Governo, o que é um motivo de grande distinção e honra ", declarou Fernandez.

A chefe de Estado da Argentina, Cristina Fernandez, disse que sua visita à Venezuela é para "partilhar um momento especial para homens e mulheres da América do Sul". Posteriormente, o presidente nicaragüense, Daniel Ortega, destacou a realização da cúpula da Alba, bloco que defende a integração, soberania, auto-determinação e desenvolvimento dsa nações. "Se escutam os gritos da luta pela independência de nossa América, desde esta terra latino-americana. É o amanhecer que se começou a ouvir há 200 anos e que hoje está virando realidade com a Alba".

Independência

A revolução de 1810 foi um movimento popular ocorrido em Caracas, em 19 de abril, marco inicial da luta pela independência da Venezuela, na mesma época em que a chama da emancipação política se alastrava pela América do Sul — com mais intensidade nas colônias espanholas.

Os moradores da cidade recusaram-se a aceitar Vicente Emparán, governador indicado por Napoleão Bonaparte, que tinha invadido a Espanha e derrubado o rei Fernando VII, na esteira do impulso republicano e expansionista que se seguiu à Revolução Francesa (1789). Na Praça Maior (hoje Praça Bolívar), os representantes da aristocracia e da burguesia locais recusaram-se a reconhecer Emparán.

Inconformado com a postura da elite crioula, o espanhol foi até a janela da prefeitura e perguntou ao povo reunido se queria que ele continuasse no governo. A multidão gritou que “não”. Emparán decidiu então voltar para a Espanha.

Com a assinatura do ato de 19 de abril de 1810, foi instituída uma junta de governo, que decidiu estabelecer juntas provinciais, liberar o comércio exterior e proibir o tráfico de escravos. Apenas três províncias decidiram manter-se leais ao governo espanhol: Maracaibo, Coro e Guayana. Mas a independência da Espanha só ocorreria oficialmente depois da Batalha de Carabobo, em 24 de junho de 1821.

Com infomrações do Vermelho.org.