Campanha quer levar documentário sobre primeira deputada negra do Brasil para escolas

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Curta metragem feito pela cineasta Flávia Person conta a história da catarinense Antonieta de Barros; filha de uma ex-escrava, a professora e cronista foi eleita deputada estadual em 1935 Por Leonardo Fuhrmann Filha de uma lavadeira que havia sido escrava, Antonieta de Barros é considerada a primeira mulher negra a se eleger deputada. Ela foi eleita em 1935, três anos depois das mulheres obterem o direito ao voto no Brasil, para ocupar uma vaga no legislativo estadual catarinense. Também foi professora e publicou crônicas nos principais jornais de Florianópolis entre 1929 e 1952, ano em que morreu na pobreza. Para que mais estudantes conheçam essa história, a cineasta Flávia Person lançou uma campanha para arrecadar dinheiro para a produção e distribuição de mil cópias do curta-metragem, de 14 minutos, que produziu sobre a vida da deputada. A ideia é enviar cópias para escolas públicas e bibliotecas catarinenses e universidades de todo o país para que os estudantes possam saber mais sobre Antonieta. O filme já está finalizado e foi produzido com o apoio da lei de fomento estadual à produção audiovisual. Já exibido em Santa Catarina, Minas Gerais e Rio de Janeiro, o curta participa atualmente de festivais de cinema. “Muitos deles restringem a exibição de filmes já disponíveis na internet, por isso só devo distribuir dessa forma a partir do ano que vem”, comenta Flávia. Ela afirma que, mesmo assim, considera importante distribuir o curta em DVDs, porque nem todas as escolas e bibliotecas contam com uma internet rápida o suficiente para a exibição de filmes. Flávia é paulista e conta que se interessou em buscar a história dos negros desde que chegou em Santa Catarina. “É um estado muito marcado pela imagem dos açorianos e de outros povos europeus, mas sabia que havia também uma cultura negra importante”. Foi na Casa da Memória que ela tomou o primeiro contato com a história da personagem. O curta é produto de uma pesquisa que durou um ano e meio e contou com o apoio do historiador Fausto Douglas Correa Junior. A diretora conta que Antonieta nasceu em 1902, filha de uma lavadeira que havia sido escrava. “A mãe dela era de Lages e foi trazida para Florianópolis pela família Ramos, de grande tradição na política local”, afirma. Ela conta que a jovem estudou e se formou professora com o apoio dos patrões da mãe. Para Flávia, o grande legado da produção intelectual de Antonieta, seja como parlamentar e cronista, era a grande preocupação com a formação das pessoas e o entendimento de que a educação é dar base cultural para os alunos. Ela considera curioso imaginar como essa mulher conquistou um espaço e respeitabilidade dentro da conservadora sociedade daquele período a ponto de ser eleita deputada. “Acho que ela queria ter feito faculdade, mas o único curso superior existente na região na época era de Direito, no qual as mulheres não podiam entrar”, imagina. As doações são a partir de 20,00 e tem recompensas. Também dá para cadastrar uma instituição para receber uma cópia. As informações estão na página www.benfeitoria.com/antonieta. Veja o trailer