“A ampliação do auxílio emergencial é tarefa central na atual conjuntura”, diz líder do PSOL na Câmara

A deputada federal Talíria Petrone, que assumiu a liderança do PSOL na Câmara dos Deputados, também afirmou que o governo Bolsonaro vai aprofundar privatizações e políticas anti-povo

Foto: reprodução Facebook/ divulgação
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A deputada federal Talíria Petrone (PSOL-RJ), que assumiu ontem (03) a liderança do PSOL a Câmara dos Deputados Federais conversou com a Fórum sobre o cenário que se desenha a partir da eleição de Arthur Lira (PP-AL) e Eduardo Pacheco (DEM-MG) no comando do Câmara e do Senado, respectivamente. Para Petrone, privatizações e desmonte do Estado de bem estar devem se aprofundar.


A parlamentar também acredita que pautas anti-aborto e anti-LGBT devem retornar para a discussão na Câmara. Porém, ela acredita que o foco do governo Federal, neste momento, é aprofundar políticas econômicas de austeridade e anti-povo.


Sobre a possibilidade de alguns dos mais de 60 pedidos de impeachment contra o presidente Bolsonaro serem aceitos, a parlamentar não é otimista e afirma que tal cenário só vai se dar a partir de muita mobilização popular. “É de fora para dentro que virá a derrota de Bolsonaro”, declarou a deputada.


Confira a seguir a entrevista na íntegra.

Revista Fórum- Com o controle das duas casas, pautas anti-aborto, anti-LGBT e o Escola Sem Partido devem voltar para a pauta. De que maneira vocês pretendem atuar diante de tal cenário?

Talíria Petrone - Infelizmente essa é uma possibilidade, mas eu acredito que a prioridade do atual presidente, que é representante de um setor muito vinculado a pautas econômicas de austeridade vai ser seguir com o desmonte do Estado de Direito seja com reforma administrativa, seja com ampliação das privatizações, que já estava em curso anteriormente. Isso, inclusive, é nocivo em especial para as mulheres negras das periferias e pobres.

O desafio diante da condução da Câmara pode ser casar o autoritarismo com pautas econômicas anti-povo é fazer um movimento de fora para dentro. Precisa haver uma ampliação, embora estejamos em pandemia, da mobilização popular que já se manifestou por meio das últimas carreatas pelo impeachment para segurar algumas pautas aqui dentro.

Vocês pretendem trabalhar para a continuidade do auxílio emergencial? Gostaria também que você comentasse um pouco da importância desse auxílio para este momento de pandemia.


A crise sanitária, que é uma das maiores crises da história que as nossas gerações já enfrentou, ela tem consequências muito graves. O Brasil é um país de proporções continentais e profundamente desigual. Infelizmente, a crise econômica, que está sendo aprofundada pela crise sanitária em curso, amplia significativamente os bolsões de pobreza, são mais de 14 milhões de desempregados, milhares de pessoas que voltam para a linha de extrema pobreza, uma informalização do trabalho que deixa o trabalhador sem saber se vai conseguir levar comida para a mesa todos os dias.


Nesse sentido, a renda emergencial é fundamental, ela é a sobrevivência para uma ampla parcela da sociedade brasileira. E agora, no auge da segunda onda da pandemia, com muitas incertezas sobre o futuro do enfrentamento ao vírus, essas pessoas não têm o seu único sustento para alimentar a sua família. Então, sem dúvida a prorrogação e por que não, a ampliação da Auxílio Emergencial é tarefa central nessa conjuntura. Inclusive para fazer a economia sair do buraco que está é preciso que a população tenha capacidade de consumo e entrar na dinâmica de movimentação da economia.

Acredita na possibilidade de o impeachment avançar?

Infelizmente e mesmo havendo motivos inúmeros não houve abertura dos mais de 60 projetos de impeachment que estão hoje na Câmara. O presidente Rodrigo Maia (DEM-RJ) não contribuiu para impedir que a saga genocida de Bolsonaro continuasse. Agora, com a condução de Arthur Lira (PP-AL) e pensando na correlação de forças da casa infelizmente a gente tem ainda menos condições. Embora o Lira tenha uma origem ligada ao Centrão, a direita tradicional, hoje se apresenta como o candidato mais ligado a Bolsonaro.

Mas eu não acredito que a abertura do impeachment e o processo de derrocada do Bolsonaro vai vir a partir da correlação de forças de dentro da Câmara que, infelizmente, é muito casuísta e se movimenta a partir de interesses econômicos. É fundamental ampliar processos de fora para dentro para pressionar ações que fragilizem Bolsonaro e exigir que ele tenha um impedimento e de que ele siga à frente da condução do país. É de fora para dentro que virá a derrota de Bolsonaro.