A CPI do Genocídio e as corrupções do governo Bolsonaro

Capitã Cloroquina, PM negociando milhões de vacinas, Covaxin, propinas e claro, Flávio Bolsonaro… o que aconteceu até aqui

O senador Omar Aziz, presidente da CPI do Genocídio (Foto: Marcos Oliveira/Agência Senado)
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Nas redes a CPI da Covid, que desbaratou um dos maiores escândalos da história recente da República Brasileira, no caso, o escândalo da Covaxin e negociações de vacinas inexistentes com uma empresa suspeita, ganhou vários apelidos.

Entre eles, “CPIpalooza”, “BBB da CPI” e por aí vai. O fato é que os depoimentos da Comissão estão rendendo audiência, mas também temores.

Vale lembrar que, mesmo com as assinaturas necessárias para se instalar a CPI, o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), relutou em instalar a Comissão.

Portanto, foi necessário que os senadores recorressem ao Supremo Tribunal Federal (STF) para que este determinasse a instalação da Comissão.

Concedido o mandado de segurança que determinava a instalação da CPI, chegou a vez da nomeação da direção.

Houve um certo consenso entre a presidência e a vice-presidência, os senadores Omar Aziz (PSD-AM) e Randolfe Rodrigues (REDE-AP), respectivamente.

Todavia, a polêmica mesmo ficaria por conta da relatoria, cujo senador escolhido foi Renan Calheiros (MDB-AL).

A tropa de choque do governo Bolsonaro bem que tentou impedir com liminar da Justiça, mas Calheiros foi nomeado e tripudiou no discurso de posse.

“Não vou ser um Deltan Dallagnol. O presidente [Bolsonaro] não vai ficar no centro de nenhum powerpoint. Não haverá forças tarefas. No futuro, não quero ser condenado por ter sido parcial”, ironiza Renan Calheiros

Ministério Paralelo

Dessa maneira, no dia 27 de abril foi instalada a CPI da Pandemia, ou do Genocídio, como você preferir.

O impacto foi tanto, que a Comissão ganhou reportagem em um dos jornais mais tradicionais do Ocidente: Washington Post.

Quando a Comissão foi instalada, o Brasil registrava cerca de três mil mortes diárias por Covid-19, e tinha por objetivo investigar a omissão do governo Federal diante da pandemia.

Também se buscava investigar a existência de um "ministério paralelo", onde o presidente da República se consultava com pessoas e "pesquisadores" negacionistas.

A confirmação de tal ministério veio com o depoimento do ex-ministro da saúde Henrique Mandetta.

Além disso, o depoimento inesquecível e mentiroso de Pazuello.

Outros personagens sinistros e anti-vacina ganharam evidência: a Capitã Cloroquina, Carlos Wizard, Nise Yamaguchi e Wangartjen.

A partir do depoimento dessas pessoas se descobriu uma articulação do governo Bolsonaro pró-cloroquina e anti-vacina.

Provavelmente, uma das revelações mais escandalosas foi o fato de que o governo federal ignorou dezenas de e-mails da Pfizer oferecendo vacinas.

Mas o pior estava por vir.

O escândalo da Covaxin

Como se já não bastasse a existência de um núcleo do governo Bolsonaro que fazia/faz do povo brasileiro experimento para medicamentos sem eficácias contra a Covid-19, surge então a denúncia do deputado federal Luis Miranda (DEM-DF).

De acordo com o parlamentar, o inédito interesse do governo sobre a vacina indiana Covaxin surgiu porque havia interesses escusos no contrato de compra.

Segundo o parlamentar, ele e seu irmão, Ricardo Miranda, que é funcionário de carreira do Ministério da Saúde, levaram ao presidente da República a informação de que havia corrupção na compra da Covaxin.

O presidente Bolsonaro primeiro negou, mas depois confirmou que foi alertado sobre o contrato da Covaxin.

A partir daí uma nova gama de personagens surgiram e revelaram que, enquanto milhares de pessoas morriam vítimas da Covid-19 e o governo se recusava a acelerar a compra de vacinas aprovadas pela Anvisa e OMS, propinas eram pedidas em torno dos contratos da Covaxin.

Neste caso, a empresa suspeita é a Precisa Medicamentos. O dono, o empresário Francisco Maximiano deve depor na CPI em agosto.

Até este momento, apenas Emanuela Medrades falou em nome da Precisa.

Mas, o contrato suspeito com a Covaxin não era o único em andamento.

O Reverendo e o Coronel

Entre os personagens que já passaram pela CPI, destaque para Dominguetti, PM da ativa do estado de Minas Gerais que está envolvido na negociação de milhões de doses de vacina.

Segundo Dominguetti, Ricardo Dias, ex-funcionario da Saúde, teria pedido US$ 1 por vacina vendida. Roberto Dias saiu preso da CPI.

Dominguetti afirma que atuava como intermediário da empresa estadunidense Davati.

Carvalho nega que Dominguetti fosse um representante da Davati, mas confirmou a versão de que Dias teria pedido propina.

E outros dois personagens surgiram durante o depoimento de Cristiano Carvalho: coronel Helcio Bruno e o Reverendo Amilton Gomes, que estariam envolvidos em negociações com a Davati.

De acordo com o depoimento de Cristiano Carvalho, o reverendo teria mostrado interesse por “400 milhões de doses da AstraZeneca”.

Por sua vez, a farmacêutica reforça que não trabalha com intermediários.

Sobre Helcio Bruno, chama atenção o repentino interesse dele em negociar vacinas, pois, como presidente do Instituto Força Brasil, faz militância anti-vacina e pró tratamento precoce, que é ineficaz contra a Covid.

Por fim, a Davati é investigada por "fraudar vendas de vacina" nos EUA e no Canadá.

Helcio Bruno e o Reverendo Amilton Gomes devem depor em agosto na CPI.

Com dizem pelas redes, a próxima temporada da CPI da Genocídio deve render, infelizente ao custo de milhares de vidas que poderiam ter sido salvas.