"A floresta começou a pegar fogo durante a campanha presidencial, com o discurso antifloresta", avalia deputado

Pressão internacional ocorre após dados mostrarem o aumento das queimadas na região amazônica; G7 quer reunião de emergência neste sábado para tratar sobre a questão brasileira

Bolsonaro, Osmar Terra e Onyx Lorenzoni (Foto: Marcos Corrêa/PR)
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O avanço de queimadas na região amazônica, a política ambiental do governo Bolsonaro e a chamada de emergência do presidente francês, Emanuel Macron, para uma reunião de emergência do G7 foram alvo de críticas de deputados em Brasília em torno da crise ambiental. O tom das falas é majoritariamente de alerta para os efeitos da degradação. Integrante da Frente Parlamentar Ambientalista, o deputado Airton Faleiro (PT-PA) ressalta que o grupo e a Comissão de Meio Ambiente da Câmara receberam nessa quarta-feira (21) um abaixo-assinado com mais de 1 milhão brasileiros pedindo providências do Congresso para garantir a preservação da Amazônia. Faleiro destacou que os agricultores que aderirem à política de degradação poderão ser prejudicados no cenário internacional. “Essa é uma canoa furada, que vai levar o Brasil a perder contratos no exterior. Somos defensores de uma política equilibrada do ponto de vista social e ambiental”, disse. O temor de um eventual boicote internacional e o impacto da nuvem de fumaça resultante das queimadas levaram o líder do Podemos, deputado José Nelto (Pode-GO), a sugerir uma comissão parlamentar de inquérito (CPI) para investigar as queimadas na região amazônica. Investimentos na Amazônia Em outra frente o deputado Sidney Leite (PSD-AM) cobrou o desenvolvimento de uma política que invista na Amazônia, com incentivo à tecnologia para que a agricultura não utilize queimadas. Para ele, não basta pensar a fauna e a flora, mas também as pessoas que moram na região e cobram meios de sustento, regularização fundiária, entre outros. “Não somos a favor do desmatamento ilegal, mas não haverá desenvolvimento sustentável sem desenvolvimento econômico”, disse Leite. Fiscalização O deputado Marcon (PT-RS) cobrou a reestruturação dos institutos que fiscalizam as queimadas e os desmatamentos que, segundo ele, aumentaram 82% neste ano. Já o deputado Professor Israel Batista (PV-DF) criticou as declarações de Jair Bolsonaro, que acusou organizações não governamentais internacionais de provocarem incêndios na Amazônia. “A floresta começou a pegar fogo durante a campanha presidencial, com o discurso antifloresta, anti-meio ambiente, anti-Ibama, anti-ONGs. É esse discurso que autoriza, moralmente, as pessoas a cometerem crimes”, afirmou. Quem também adotou tom crítico contra a política ambiental de Bolsonaro foi o deputado Alexandre Frota (SP). Ele foi expulso do PSL e agora está filiado ao PSDB. Em vários pronunciamentos, Frota criticou as declarações do presidente que negaram o desmatamento. Ele também condenou a sugestão sobre usar o banheiro em dias alternados para salvar o meio ambiente. Causas do desmatamento Nessa quinta-feira em entrevista ao programa Fórum 21, o deputado Nilto Tatto, que também é Secretário de Meio Ambiente do PT e integrante da comissão de meio ambiente da Câmara, apontou as principais causas do desmatamento na Amazônia, que estão a criação de gado; a monocultura e a especulação fundiária, não necessariamente nesta ordem. Nas três hipóteses não há geração de emprego (mecanização das lavouras) ou renda, apenas aumento na concentração de capital e de terras. Veja abaixo a entrevista completa do programa Fórum 21 https://www.youtube.com/watch?v=Vtj2WibFMlg Com informações da Agência Câmara