A ofensiva evangélica na edição 109 da Fórum

Edição impressa da Fórum de abril, nas bancas, traz reportagem que mostra como os setores mais conservadores das igrejas vêm ganhando espaço no cenário político nacional

Escrito en DIREITOS el

Edição impressa da Fórum de abril, nas bancas, traz reportagem que mostra como os setores mais conservadores das igrejas vêm ganhando espaço no cenário político nacional  

Por Redação 

A edição de abril da revista Fórum, nas bancas, traz uma reportagem que aborda como os setores mais conservadores das igrejas vêm conquistando um espaço cada vez maior no cenário político nacional. A matéria de Glauco Faria mostra como a ascensão e o fortalecimento dos evangélicos se relacionam mais com a defesa de interesses corporativos do que a valores propriamente religiosos. Idelber Avelar também conta como as forças teocratas emergiram nos EUA, muito em função das seguidas concessões feitas a setores conservadores.

Reportagem de Gisele Brito aborda a impunidade ainda vigente em relação aos 493 assassinatos ocorridos em maio de 2006 em São Paulo, após os ataques realizados pelo PCC na capital paulista. Túlio Vianna fala sobre a necessidade de se extinguir o foro privilegiado e Rodrigo Savazoni comenta a necessidade de se fortalecer a relação entre os tradicionais movimentos sociais e as emergentes forças interconectadas de ação social.

Veja também reportagem de Victor Farinelli sobre os indígenas mapuches no Chile e o jogo incerto das eleições francesas, além de matéria de Nina Fideles sobre a Fundação Casa, de São Paulo, e uma entrevista de Leonardo Fuhrmann com Rui Barbosa Moreira Lima, brigadeiro da Aeronáutica cassado pela ditadura militar que defende a instituição da Comissão da Verdade no Brasil.

Ainda na edição artigos e matérias de Vange Leonel, Emir Sader, Marcio Pochmann, Cynthia Semíramis,Sofía Argüello Pazmiño, Mario Henrique de Oliveira, Julinho Bittencourt e Mouzar Benedito.

Confira abaixo o editorial da revista:

As igrejas e os direitos de todos Nesta edição, Fórum trata de uma questão que vem ganhando cada vez mais relevância, a influência de religiosos no cenário político. Alas mais conservadoras têm conseguido barrar avanços que seriam importantes para a sociedade, como a educação voltada para o combate à homofobia, que faz vítimas todos os dias no Brasil, colaborando para perpetuar também a contínua negação de direitos básicos aos homossexuais.

É direito das igrejas participarem das discussões como importantes atores sociais que são, mas também é preciso observar os direitos consagrados pela Constituição, que assegura igualdade a todos. A mesma Carta também explicita o caráter laico do Estado brasileiro. Algo que inclusive se relaciona com a garantia da pluralidade religiosa, já que só a laicidade estatal faz com que não existam privilégios a esta ou àquela denominação, como no passado, quando o catolicismo era a religião oficial do Brasil.

Mas, como descreve a matéria de capa, atribuir apenas aos religiosos a não efetivação de direitos de homossexuais ou a quase ausência de um debate sobre e legalização do aborto, não é justo. Não só porque há adeptos de igrejas que não corroboram as opiniões mais conservadoras, como também porque há muitos leigos, nos governos, parlamentos e mesmo na sociedade civil, que se omitem quando temas considerados polêmicos e atinentes à moral vem à baila. Temem perder prestígio e/ou votos e se calam diante da injustiça que deveriam combater.

Trata-se de um silêncio que faz perdurar a desigualdade entre os cidadãos, deixando o palco de debates para os ruidosos que parecem falar sozinhos.

A luta pela efetivação de direitos a todos, sem distinção ou discriminação, deve ser uma meta trabalhada em conjunto por aqueles que acreditam na realização plena da democracia em nosso país. E, no período eleitoral que se aproxima, deveria ser também um compromisso a se exigir dos homens públicos.