“A representatividade importa”, diz comissário da ONU sobre ausência de negros no governo

Segundo dados da Organização os negros estão afastados da alta cúpula dos governos em toda América Latina.

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Segundo dados da Organização, os negros estão afastados da alta cúpula dos governos em toda América Latina; no Brasil, não há nenhum no primeiro escalão Por Redação O alto comissário de Direitos Humanos da Organização das Nações Unidas (ONU), Zeid Al Hussein, discursou nesta segunda-feira (13), em Genebra, na Suíça, sobre a baixa representatividade dos negros nos governos latino-americanos. Segundo ele, existem 150 milhões de negros no continente que não ocupam cargos de liderança. Para o representante da ONU esse déficit pode ser prejudicial em vários âmbitos da vida pública e privada das pessoas, pois as vozes dos negros não são ouvidas. "Esse deficit de representação na cúpula do poder afeta toda a sociedade: parlamentos, locais de trabalho no setor público e privado, escolas, tribunais, na imprensa --todos lugares em que às vozes dos afrodescendentes são dados muito pouco peso", afirmou. No Brasil, onde mais da metade da população é negra, o presidente interino Michel Temer nomeou um ministério repleto de homens brancos, o que gerou inúmeras críticas por parte da população em geral como também de movimentos sociais e entidades ligadas à questão dos direitos da população negra. Nomeação tardia No mesmo dia do discurso do comissário da ONU que se mostrou preocupado com a falta de negros no governo brasileiro, o presidente interino Michel Temer nomeou Luislinda Dias de Valois Santos como secretária especial de Políticas de Promoção de Igualdade Racial, subordinada ao ministério da Justiça e Cidadania. Ainda que não seja um cargo de primeiro escalão, a nomeação de Luislinda, que em 1984 se tornou a primeira juíza negra do país, é considerado um pequeno primeiro avanço do governo interino que, até então, vinha minimizando a questão da representatividade de negros e mulheres. Luislinda é filiada ao PSDB.