A semana em algumas bengaladas

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Adriana Dias partilha com vocês as primeiras Bengalices, notas curtas, rápidas, e bastante ácidas acerca do que vivemos Por Adriana Dias Eu uso bengala para caminhar e, como toda bengalante, aos poucos esse apoio passou a constituir parte da minha consciência corporal, e portanto pessoal. Dei-lhe um nome, Alice. Nas últimas semanas, foi preciso usar Alice para algo além de caminhar. Foram tantos fatos produzidos e outros tantos acontecidos que quando eu tentava dar conta de escrever a respeito de um, outros cinco me atropelavam. Não fosse Alice, não teria chegado, sem cair, ao fim dessas semanas, afinal, reflexão é uma forma de caminho. Partilho com vocês as primeiras Bengalices, notas curtas, rápidas, e bastante ácidas acerca do que vivemos. Começamos na ida da Presidenta Dilma a ONU. Noto que a novela USURPADORA, saiu da ficção para a realidade nacional, e seus protagonistas, Temer, Cunha, Serra e Aécio (esse sempre em segundo, até no PSDB e em matéria de usurpação), iniciam uma pitoresca orquestra de lamentação pública enfatizando a preocupação de que a fala da presidente Dilma possa “manchar a imagem do Brasil” no exterior. Gente, nada pode manchar a imagem no Brasil no exterior mais do que a votação da câmara, que DESTRUIU qualquer imagem de país sério que poderia ainda existir a nosso respeito. Que imagem, depois daquilo? Que imagem depois de deputado parando votação para mandar beijo pra Xuxa, para minha mãe, pro meu pai, e pra você? Realmente, uma bengalada é pouco para essa turma. A nota de vinte dólares muda nos EUA. Sai o presidente Andrew Jackson e entra a ativista negra Harriet Tubman. O fato é muito importante: não basta dizer que a escravidão é hedionda, símbolos precisam ser reconstruídos, como esse, e numa nação que teve até fazendas de reprodução de escravos, esse é um marco importante. Mundo inteiro anuncia o fato como importante, e informa sobre a abolicionista Tubman. No Brasil, G1 chega a realizar uma matéria chamando-a de “escrava” na manchete. Vontade de bengalar o prédio da Globo na mesma hora, uma bengalada por cada criança que morreu na escravidão. Milhares de denúncias pedem prisão, investigação, perda de mandato, e tudo mais na PGR para Bolsonaro, pela fala impossível de ser ouvida sem espasmo muscular seguido de vômitos, na votação do Golpe. “Ustra, o terror de Dilma”, a fala que o levou a ser denunciado em Haia. Ainda é pouco. Ele perder direitos políticos é pouco. Tem que ser preso, e nunca mais ser ouvido. Bengala nele não, que Alice é limpinha, e não quero o asco dele nela. Nesse assunto eu volto depois. Morre o querido Waldemar Rossi, que conheci nas andanças da Teologia da Libertação. Grande formador e líder sindical, deixa o exemplo e a saudade. Um beijo na Célia. Alice faz aqui reverência. Waldemar, presente! O Deputado Flavinho diz que mulher quer ser amada e não empoderada. Deputado, eu vou lhe escrever num texto um pouco maior, porque acho que o senhor não entendeu nem o começo da conversa. Disse que é da Canção Nova, comunidade católica que eu conheço de 1999. Bem de perto. E lá tem muita mulher empoderada. Na Bíblia também tem. Acho que o senhor é da Canção Velha, Amélia q era mulher de verdade... Bengala em quem não atualizou a canção, por favor. Ainda mais em tempos de Spotify. José Agripino Maia (RN), e seu amigo, o deputado Felipe Maia finalmente tiveram decretado quebra de sigilos para investigação. A questão é se vão ser investigados de fato e punidos. Porque até agora, no Brasil, punidos, até pelo que não fizeram, só pretos, pobres e petistas. Bengala na justiça parcial e que tem lado. Lado errado. O Judiciário brasileiro teve um surto de narcisismo primário e começou a achar que era Deus nessas duas semanas? Gente, proibiram: a) uma reunião de estudantes do Centro Acadêmico para discutir política. A base legal foi de que isso não estava no estatuto. Gente, política agora tem que estar no estatuto para a gente falar dela? Desculpa aí, mas respirar no brasil hoje é quase um ato revolucionário! Então, falemos de política, estando ou não no estatuto, em qualquer lugar! B) o ZAP ZAP! Tem juiz que acha q consegue controlar uma rede social com uma liminar. Desculpe, mas é quase como controlar o vento EL NINO, com uma rede de coletar borboletas...  Ainda mais uma que se vale de “criptografia de ponta a ponta” em suas mensagens, portanto, absolutamente impossível à empresa conhecer o conteúdo das mensagens previamente, de modo a fornecê-lo à Justiça.  Gente, vamos estudar? c) Juiz pedindo para bloquear o facebook, o Twitter, e outras redes aos montes. SOS, CNJ, dá um curso aí de redes sociais. E a bengala pergunta, alguém com peito para bloquear a GLOBO? Só em sonho, né? Todo mundo falou do absurdo da fala do Bolsonaro, e eu senti igualmente absurda o uso da música do Vandré pelo Paulinho da Força. Nojento. #prontofalei. Adorei quando no primeiro de maio todos deixaram ele falando sozinho quando ele tentou puxar o Fora Dilma. Achei perfeito ele levar a Marta e ela ser vaiada. Grito machista, não. Que é absurdo, com ela ou quem seja. Mas traidora ela é mesmo. E pensar que quando a conheci, num jantar que seguiu o lançamento de um livro da Rose Marie Muraro, na dedicatória a ela, Rose desejou que ela se candidatasse a presidência. Leonardo Boff deve lembrar do fato. Rose sempre falava disso. Vendo isso lá de cima, ela deve estar tão arrependida! Bengala nos dois, Paulinho da Força, que só usa a força para retirar resíduo do oitavo final do intestino delgado e Marta, que de Suplicy, virou suplício nacional. Pensar Paulinho da Força, ainda é pensar como anda o sindicalismo pelego, que desconta acordo direto em contracheque, então, para quem importa mesmo a negociação com o patrão? #VIVAACUT  Esse sujeito, que disse para quem quisesse ouvir que CUNHA devia ser ANISTIADO (anistia de corrupção, criamos isso agora???), é o PODE TUDO ÚTIL, que neste golpe entra no lugar do inocente útil, visto que não há inocentes. Negociará todos os direitos trabalhistas para não ir para a cadeia. Outro que espero que seja preso sem descontar nele minha bengala. Ela não merece. Janot disfarçou que ia pedir a cabeça de Lula, pedindo a de Aécio antes. Aécio disse que apoiava a investigação que provaria sua inocência. Só que ninguém acredita, Aécio. Ninguém. Quanto a Lula, como não acharam absolutamente nada, tentam agora colar uma obstrução à justiça de qualquer jeito e preço. Lula, defenderemos sua honra. Quem não pode com formiga, não pisa em formigueiro. Bengala em quem tentar manchar a honra do maior presidente do Brasil. O Cunha, que se dizia inatingível, caiu. Ele que esperava ir para um cargo no RJ, quando terminasse o período de presidente da Câmara, para ficar lá sob o poder do STJ do RJ que ele parece ter nas mãos, caiu. E a primeira coisa que fez, foi ameaçar Temer. Criam-se corvos, eles comem seus olhos. Briga no chiqueiro, os porcos comem os cadáveres dos outros suínos depois do apocalipse zumbi. Vai ser fétido. E a mulher do Cunha, Moro, vai bem? Você perdeu a gaveta em que estava a denúncia, precisa da ajuda da Alice para abrir a gaveta? Eu acredito na rapaziada. Que ocupa. Ocupando tudo aí minha gente, Alesp, Senado, Paula Souza, ocupar, resistir. Ver o deputado supostamente envolvido no caso de roubo de merenda não deixar os alunos que ocuparam a Alesp terem acesso a comida parece confirmar que ele não gosta muito de aluno bem nutrido, né? Brasil, o país da piada pronta. Ver o Telhada dizer para uma estudante mulher que vai mandar prender ela porque ele quer pura e simplesmente mostra bem claramente como esse país pode se tornar uma nação sem liberdade alguma se a gente não berrar e ocupar tudo agora. Alice ficou doidinha para ocupar metade do país. O ato de Primeiro de Maio foi uma coisa linda. Que coisa linda. E mais uma vez, a direita na rede me surpreendeu de tão nojenta, começaram a rir do líder português da revolução dos Cravos, já idoso. Gente, essa turma não tem a menor dignidade. Achei ele um fofo, mas eu respeito o tempo, a sabedoria dos idosos e a esperança das crianças. A direita só respeita a força dos machos brancos, dispostos a espancar, CRREEEEEEEEEDDDDDDDOOOO. Dilma falou tudo quando disse no ato: se fazem isso comigo, que sou a presidenta desse país, o que não farão com os mais pobres, os mais desprotegidos, os que não tem voz. Por isso temos que lutar, agora. Depois eu volto, com o texto sobre o Flavinho, sobre o Bolsonaro, sobre a Lava jato, sobre a luta da esquerda. Mas, pelo menos eu dei uns pitacos. Abraços #VAITERLUTA Foto de capa: https://commons.wikimedia.org/wiki/User:Fonquebure