A subordinação da política econômica

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"Não é nenhuma novidade que o governo ilegítimo de Michel Temer terceirizou as ações de política econômica. Tanto é que, ao aventar a possiblidade de redução de juros, já foi logo talhado pelo presidente do Banco Central, o ex-sócio do banco Itaú, Ilan Goldfajan. Neste sentido, o que se pergunta é: quais são os propósitos da política econômica golpista, para além da redução de Direitos daqueles(as) que vivem do trabalho?". Leia o novo artigo do professor Paulo Daniel Por Paulo Daniel* Não é nenhuma novidade que o governo ilegítimo de Michel Temer(PMDB-SP) terceirizou as ações de política econômica, tanto é, ao aventar a possiblidade de redução de juros, já foi logo talhado pelo presidente do Banco Central, o ex-sócio do banco Itaú, Ilan Goldfajan. Neste sentido, o que se pergunta é; quais são os propósitos da política econômica golpista, para além da redução de Direitos daqueles(as) que vivem do trabalho? A preocupação central é a redução da inflação tendo como instrumental o famoso tripé econômico (superavit primário, câmbio valorizado e juros altos). Primeiramente é importante lembrar, inflação representa perda de poder aquisitivo, portanto, não é interessante aos agentes econômicos, o seu combate dependerá de seu diagnóstico, ou seja, não é somente elevando a taxa de juro que se combate inflação, no entanto, infelizmente, essa foi a tônica das equipes econômicas nos últimos 20 anos. Quais as consequências para a economia? Com a taxa de juro no patamar estratosférico em que esta, a maior do mundo, tende a atrair capitais externos, por sua vez, uma valorização do Real – Mesmo com a crise política, isso é perfeitamente possível, pois os capitais tem liberdade de entrar e sair em qualquer momento – portanto, não foi à toa, a declaração de Ilan; “preço do dólar não será conduzido. Será flutuante. Ter uma taxa de câmbio flutuante faz com que se consiga equilibrar internamente e externamente a economia brasileira.” Com o Real valorizando-se beneficia a entrada de produtos importados, o que no momento seguinte, tenderá uma queda da inflação. Olhando deste prisma, parece tudo interessante e harmonioso, mas essa macroeconomia não está preocupada com a indústria e muito menos com a geração de empregos e renda. Neste contexto, a necessidade do superavit primário é imperial. Com o objetivo de mostrar aos “investidores” o cumprimento dos pagamentos dos ditos cujos juros. Essa lógica, explica em parte, a sanha do golpismo em modificar a Constituição Federal. Em outra frente, atua-se a desregulamentação das leis trabalhistas e privatizações, como sendo mais um agrado ao capital com vistas a desenvolver o tão desejado investimento para gerar empregos, mas esses, se ocorrerem, serão totalmente precários, com o preço da mão de obra ainda mais barata e uma indústria de baixíssima tecnologia e com raríssimas chances de competitividade internacional. Esse é o capitalismo que o golpismo procura implementar. Ao contrário do que alguns pensam, ao imaginar as medidas econômicas do golpismo sendo executadas no seu todo, não seria um retorno à era dos anos 90 do século XX, mas sim, ao período pré-1930 com uma política econômica completamente dependente dos anseios e vontades dos países do norte, particularmente os Estados Unidos. Este estado de golpe, para além de encontros nada republicanos, demonstra que a chamada burguesia brasileira jamais preocupou-se em ter um espirito animal para sua valorização, ao contrário, está nos revelando o seu espírito colonial, vassalo e escravocrata. Para os que duvidam, basta observar a nossa história recente dos anos 90. Além do que, queiram ou não, demostra que a luta de classes está viva e cada vez mais intensa e multifacetada e, infelizmente, até o momento, a turma da bufunfa está vencendo.

paulod *Paulo Daniel – Editor do blog Além de Economia, é economista, mestre em economia política pela PUC-SP, Doutorando em Economia pela Unicamp (Universidade de Campinas-SP), corinthiano, professor, consultor com mais de 10 anos de experiência tanto na iniciativa privada como em instituições públicas.