"A vida não espera": Ativistas da cannabis medicinal apoiam Marcha da Maconha de SP

Entre os diversos movimentos sociais e manifestantes que compunham o ato, familiares de indivíduos que utilizam a maconha medicinal pediam pela legalização da erva; conheça suas histórias

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Entre os diversos movimentos sociais e manifestantes que compunham o ato, familiares de indivíduos que utilizam a maconha medicinal pediam pela legalização da erva; conheça suas histórias Por Anna Beatriz Anjos [caption id="attachment_66093" align="alignleft" width="300"](Foto: Jeferson Stader) Clárian, de doze anos, sofre de síndrome de Dravet e utiliza a maconha medicinal (Foto: Jeferson Stader)[/caption] Na Marcha da Maconha, realizada na tarde deste sábado (23) em São Paulo, o cenário era bastante heterogêneo. Movimentos sociais de diversas bandeiras compareceram para engrossar o coro contra a atual política de drogas, extremamente proibicionista e excludente. Durante a concentração para o ato, no vão livre do MASP, em meio à juventude que aguardava o início da passeata, pessoas vestidas de camiseta roxa se destacavam. Eram ativistas da Associação Brasileira para Cannabis (AbraCannabis). A organização reúne sobretudo familiares de indivíduos que utilizam a maconha medicinal. Patrícia Rosa, presidente da AbraCannabis, é uma delas. Mãe de Déborah, de vinte anos, a engenheira tentou todos os tipos de tratamento para suavizar as crises convulsivas da filha, que sofre de síndrome de Dravet, mas não obteve sucesso. No ano passado, Patrícia conseguiu autorização da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e desde novembro importa da Califórnia, nos EUA, o Revivid, medicamento à base de canabidiol (CDB), um composto da maconha. "Ela tinha muitos tremores, e eles melhoraram. Diminuiu também o número de convulsões – eram 40 por mês, e diminuiu para dez", conta. Rosa veio do Rio de Janeiro, onde vive, para apoiar o movimento pela legalização da erva, que tantos benefícios trouxe para Déborah. Na mesma situação está o representante comercial Fábio José Santos de Carvalho, pai de Clárian, de doze anos, outra vítima da síndrome de Dravet. Ele relata que há um ano passou a medicar a filha com remédios de canabidiol, mas hoje "dá da própria erva, in natura". "Estou na briga pela liberação do cultivo, para que eu possa dar condições de vida ainda melhores para a minha filha", afirma. Segundo Carvalho, as crises convulsivas de Clárian também caíram drasticamente, de 16 para uma ou duas por mês. "No ano passado, ela estava aqui e não podia nem andar. Hoje está aqui participando, na ativa, anda de bicicleta, faz tudo. É isso", diz, olhando para a filha, que distribuía flores a todos que dela se aproximavam. "É uma planta. Acho [a proibição] uma hipocrisia, uma ignorância. Temos aí a bebida liberada, e é droga; o cigarro, que está no bolso, também é. Não faço uso [da maconha], mas apoio a causa, para todos os usos – medicinal, recreativo, religioso." A Marcha da Maconha contou com cerca de 20 mil manifestantes, de acordo com seus organizadores. Já a Polícia Militar, que acompanhou a caminhada desde o começo até seu ponto final, no Largo São Francisco, contabilizou 4 mil pessoas. (Foto de capa: Jornalistas Livres)