Acaba oxigênio de hospitais de Manaus e médicos relatam situação caótica

Presidente do Sindicato dos Médicos do Amazonas diz que pacientes estão sendo mantidos vivos com ventilação mecânica por profissionais da saúde

Hospital Universitário Getulio Vargas, em Manaus (Foto Reprodução)
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Na manhã desta quinta-feira (14), acabou o oxigênio de hospitais de Manaus. A informação foi confirmada pelo presidente do Sindicato dos Médicos do Amazonas, Mário Viana, que em um vídeo relatou a situação de guerra vivida na capital amazonense. Ele apelou para que oxigênio de outros estados seja transportado à cidade “em caráter de guerra”.

Para manter os pacientes vivos, Viana relata que eles estão sendo ambuzados. A técnica consiste no uso de um equipamento de respiração manual chamado ambu, em que o profissional de saúde – médico, enfermeiro ou técnico – faz o bombeamento manual de um balão de oxigênio, pois os respiradores estão sem o gás.

No vídeo em que descreve a situação caótica enfrentada pelos hospitais da cidade, Viana afirma: “Pela manhã recebi notícia de que diversos hospitais já estão com falta de oxigênio e pacientes que necessitam do oxigênio estão sendo ambuzados, estão sendo mantidos vivos pelo esforço dos profissionais médicos, enfermeiros e técnicos. Situação terrível que nós temíamos e denunciamos que poderia chegar”.

 Viana prossegue fazendo um apelo “a todas as autoridades e os profissionais de saúde” para que se unam na busca de uma solução emergencial. “Transportar oxigênio de outros estados em caráter de guerra é uma necessidade para salvar vidas”, afirmou. O vídeo foi enviado à Fórum pelo Sindicato dos Médicos do Amazonas. Veja abaixo.

Crédito: Imagens Simeam

O apelo também corre redes sociais. Em um vídeo que circula no Twitter, uma mulher diz que acabou o oxigênio de uma unidade de saúde inteira. Ela pede que quem tiver disponibilidade leve o produto à Policlínica da Redenção.

https://twitter.com/kellymatos/status/1349748408567922688

Um dos locais em que o oxigênio praticamente acabou é o Hospital Universitário Getulio Vargas, ligado à Universidade Federal do Amazonas. Relatos de médicos amazonenses em grupos de Whatsapp a que a Fórum teve acesso dão conta de que os pacientes ali internados estão sendo ambuzados. Há apelos para que profissionais ajudem no revezamento para o procedimento no CTI do estabelecimento.  

A Fórum entrou em contato com a Secretaria Estadual da Saúde do Amazonas e com a Universidade Federal do Amazonas para saber quais providências estão sendo tomadas para solucionar a situação.

Em nota, o Hospital Universitário Getúlio Vargas (HUGV/Ebserh) informou que "tem conhecimento sobre a falta de oxigênio que afeta, não apenas este hospital, mas toda a cidade de Manaus e continua apoiando as ações do Ministério da Saúde, órgão que coordena os esforços de combate à Covid-19 no Estado".

O texto ainda diz: "Cabe destacar que o HUGV/Ebserh tem contrato vigente de fornecimento de oxigênio e, mesmo estando em contato com a fornecedora e até mesmo outras empresas há dias, o HUGV/Ebserh não recebeu o suficiente para atender a sua demanda".

Na nota, o hospital "reforça que não está medindo esforços para solucionar o problema no menor prazo possível". O hospital comunicou que recebeu oxigênio para estabilizar temporariamente a situação de todos os pacientes "e continua não medindo esforços para normalizar a situação em definitivo".

A Secretaria Estadual da Saúde informou que, desde que foi informada pela empresa responsável pelo fornecimento de oxigênio para as unidades de saúde do estado das dificuldades para manter o abastecimento, o governo estadual buscou alternativas e foi buscá-lo, inclusive, fora do estado.  

Segundo a pasta, o consumo diário de oxigênio deste mês chegou a 76,5 mil metros cúbicos, enquanto a produção da empresa, segundo dados apresentados ao Comitê de Resposta Rápida – Enfrentamento Covid-19, composto pelos governos estaduais, municipais e federais, é de cerca de 28,2 mil metros cúbicos. 

A secretaria informou ainda que 235 pacientes serão transferidos a outros estados. Nesta quinta-feira (14), de acordo com a pasta, devem ser enviados 90 pacientes para São Luís, Teresina e Brasília. 

*-Atualizado com o posicionamento da Secretaria Estadual da Saúde do Amazonas