Dez ex-ministros e ex-secretários dos Direitos Humanos apresentaram uma interpelação criminal ao Supremo Tribunal Federal (STF) pedindo que o presidente Jair Bolsonaro explique declarações que os associaram à pedofilia.
Movem a ação ministros dos governos Fernando Henrique Cardoso (1994-2002), Lula (2002-2010) e Dilma Rousseff (2010-2016).
Na ação, os ex-ministros apresentam um vídeo em um evento chamado "Simpósio da Cidadania Cristã" e contou com a participação de Bolsonaro.
Durante o seu discurso, o presidente afirma que os ex-ministros promoviam a pedofilia.
"Quem lembra o que era o Ministério dos Direitos Humanos? Quem eram as pessoas que já ocuparam aquele ministério? Como uma, por exemplo, que tinha lá um site chamado 'Humaniza Redes', que era… que incentivava a pedofilia. Dizia que o pedófilo era um doente, que devia ser entregue para um hospital, e não ser levado a uma delegacia".
O Plano Nacional de Direitos Humanos também foi alvo de ataques. Para o presidente, o documento visava "destruir a família brasileira".
Na interpelação, assinada pelos advogados Antônio Claudio Mariz de Oliveira, Tarso Genro e Soraia da Rosa Mendes, o ex-ministros afirmam que Bolsonaro costuma usar o microfone para "Promover ofensas e ataques à honra alheia".
Além disso, afirmam que "numa tacada só" atinge a honra e a reputação de todos ele ao imputar "conivência e estímulo a comportamento [pedofilia] dotado de relevante reprovação social".
Os ex-ministros exigem que o presidente Bolsonaro "cite fatos concretos" que sustentem suas afirmações, informe se algum dos ex-ministros foi processado ou investigado "sob acusação de prática de pedofilia" e quais razões o levaram a afirmar que o plano de Direitos Humanos continha itens cujo objetivo era "destruir a família brasileira".
A ação também pede que o presidente Bolsonaro explique a quem ele se referiu ao afirmar que "tem gente que, voltando ao poder, vai ressuscitar tudo isso aí".
Assinam a interpelação os ex-ministros Gilberto Vargas, Ideli Salvatti, José Gregori, Maria do Rosário, Mário Mamede, Nilmário Miranda, Nilma Lino Gomes, Paulo Sérgio Pinheiro, Paulo Vannuchi e Rogerio Sottili.