Ajude a tirar da rede os vídeos gravados por um nazista

Em canal no Youtube, Gustavo Guerra faz apologia ao estupro e à pedofilia, além de pregar a misoginia, o racismo e outros crimes; uma petição online foi criada por estudantes para que os vídeos sejam banidos.

Escrito en DIREITOS el
Em canal no Youtube, Gustavo Guerra faz apologia ao estupro e à pedofilia, além de pregar a misoginia, o racismo e outros crimes; uma petição online foi criada por estudantes para que os vídeos sejam banidos Por Anna Beatriz Anjos [caption id="attachment_59700" align="alignleft" width="300"](Foto: Reprodução) (Foto: Reprodução)[/caption]

Gustavo Guerra Rizzotto é um jovem gaúcho, morador de Caxias do Sul (RS). Velho conhecido do movimento feminista, propaga discursos de ódio pela rede sem pudor algum. O último atentado que promoveu teve como alvo as mulheres negras. No começo deste mês, a página "Eu não mereço mulher preta" gerou inúmeras manifestações de repúdio por seu teor extremamente racista e misógino. Após muitas denúncias, acabou sendo banida pelo Facebook "por violação dos termos de uso".

No Youtube, Guerra mantém um canal, que alimenta com vídeos extremamente preconceituosos. Por meio deles, já fez apologia a diversos crimes, como pedofilia e estupro. Entre as barbaridades que prega, está a de que o estupro "é culpa de mães solteiras", pois elas "dão para marginais" que depois as abandonam, e seus filhos, criados em periferias, "acabam se tornando bandidos". Além disso, como adepto do nazismo, um de seus hobbies é ofender judeus e dizer, a todo momento, que é "branco ariano".

Contra todo o absurdo que Guerra, suas páginas e vídeos representam, a estudante de jornalismo Isadora Stentzler, de 22 anos, criou uma petição online que pede o fim de canal no Youtube. Conforme cresce o número de assinaturas, e-mails são disparados para os administradores do site. "A ideia é que a petição se some a outras ações, como tuitaços, requisições para o Ministério Público e a Polícia Federal, protestos", explica Isadora.

A estudante relata que decidiu tomar uma atitude contra Guerra primeiramente porque faz parte dos grupos insultados por ele. "Sou mulher, feminista e filha de mãe solteira. Quando vi os vídeos de Guerra dizendo coisas do tipo ‘mulher tem parcela de culpa por homens cometerem crimes’, ‘90% dos criminosos são filhos de mãe solteira’ e parabenizando estupradores, me senti ofendida, atacada moralmente", conta. "Além disso, os negros e negras, xs moradorxs da periferia, xs latinxs também foram atingidos por apenas serem quem são."

Para ela, manter os vídeos em circulação na internet oferece perigo. "Assim que um material é colocado na rede, ele perde o controle. E qualquer informação ali pode ser base para a formação de opinião do outro. O que temos nos vídeos de Guerra são discursos de ódio que incitam a violência em tom argumentativo. Como: ‘Vou estuprar porque...’. Acho que, e pode até ser clichê o bordão, mas em pleno século 21 não podemos tolerar discursos misóginos como os dele", afirma.

Além disso, a exclusão dos vídeos de Guerra seria emblemática diante de outros casos de disseminação de discurso de ódio – ganharia ainda mais respaldo a ideia de que liberdade de expressão é diferente de apologia e incitação ao crime. "Se a polícia não está punindo nas ruas, a rede está. E em um segundo momento seria um grande passo para mostrar que não estamos tolerando esse tipo de atitude preconceituosa. Que avançamos enquanto sociedade. Porque discursos como esse dão margem para crimes", completa.

(Foto: Reprodução/Youtube)